Mercado

Bagaço tem potencial igual ao de duas Itaipus

O desembolso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor sucroalcooleiro totalizou R$ 2,6 bilhões entre janeiro e abril deste ano, volume 36% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. A informação é de Carlos Eduardo de Siqueira Cavalcanti, chefe do departamento da área industrial do banco de fomento e um dos palestrantes da conferência “Desenvolvimento da Biomassa e a Cogeração: A Utilização de Fontes Renováveis na Geração de Energia”. O evento promovido ontem pela Gazeta Mercantil e o Eco Business Show reuniu mais de uma centena de empresários e especialistas em energia em Ribeirão Preto.

Apesar do volume crescente de recursos recebidos do BNDES, o setor sucroalcooleiro ainda carece de políticas que fomentem a cogeração d! e energia a partir do bagaço da cana. “O potencial da energia da biomassa é extraordinário, mas muito pouco utilizado”, disse Maurilio Biagi Filho, presidente da Maubisa. Segundo ele, o potencial de mercado da energia do bagaço, com políticas adequadas, poderia saltar de 3,6 mil megawatts (MW) em 2008 para 22,3 mil MW em 2018, “o equivalente a duas Itaipus”.

“Só 6% das usinas paulistas comercializam a energia do bagaço. É muito pouco”, disse Celso Zanatto Jr., diretor de energia da Crystalsev, empresa que comercializa açúcar, álcool e energia de mais de uma dezena de usinas do Centro-Sul. “Um dos nossos pleitos é que os elevados custos de transmissão e conexão sejam divididos entre os geradores (as usinas) e a rede básica. Atualmente, as usinas tem de arcar com 100% desses custos”, afirmou Zanatto.

A conferência foi realizada com o apoio da Amcham e patrocínio da KPMG Auditores Independentes, que ontem inaugurou escritório em Ribeirão Preto. “A maior parte da cli! entela é do setor de açúcar e álcool”, disse Alberto Bressan, sócio-líder do escritório. Segundo ele, um dos trabalhos da KPMG é atuar junto ao cliente na renegociação e alongamento de dívidas. “Mas, antes disso, é preciso que a empresa seja auditada, para que seja mais transparente e tenha números mais confiáveis. Isso facilita a negociação”, disse Bressan.