Mercado

Expectativa por R$ 1,07

O álcool hidratado atingiu ontem seu menor preço no ano. Em vários postos de Cuiabá, o combustível já pode ser encontrado por até R$ 1,19/litro, recuo de 17,85% em relação aos preços médios do mês passado (R$ 1,45). Na usina a queda passa de 26%.

Os preços da gasolina também tiveram declínio na semana passada e continuaram em queda ontem, com os preços despencando para R$ 2,43 depois de chegar a R$ 2,76 no começo do ano e R$ 2,57 no mês passado. Comparando-se os preços de hoje com os de abril, a redução foi de 11,87%. Teve revenda que comercializou o derivado de petróleo na última sexta-feira a R$ 2,38 o litro.

Na avaliação dos gerentes, a trajetória de queda dos preços deve ser mantida por conta da colheita de cana-de-açúcar, cujo encerramento está previsto para novembro. “Até junho ou julho, os preços do álcool poderão sofrer novas reduções na bomba, podendo chegar a R$ 1,07. No ano passado, exatamente no mês de julho, o preço vigente no mercado ficou no patamar de R$ 1,05, com alguns postos, isoladamente, chegando a praticar R$ 0,99.

“Não há como prevermos exatamente quanto os preços irão cair. É certo, porém, que haverá novas reduções seguindo o movimento da safra, como tradicionalmente ocorre”, disse uma fonte ligada ao Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo).

Segundo gerentes de postos, a queda da gasolina foi em função da baixa nos preços do álcool, uma vez que o anidro é utilizado na mistura com a gasolina. “Caindo os preços do álcool, conseqüentemente os preços da gasolina também sofrem redução, embora em menor proporção porque a adição à gasolina é de 25%”, explicou o funcionário de um posto na Avenida Rubens de Mendonça. Ele admite que os preços da gasolina ainda poderão cair “mais um pouco”, caso o álcool nas usinas continue em queda. “Ainda há gordura para queimar e isso vamos saber nas próximas semanas”.

Paulo Henrique, que gerencia um posto bandeira branca – sem contrato de fidelidade com nenhuma companhia distribuidora – na Avenida Miguel Sutil, também acredita que os preços podem apresentar “novas surpresas” para o consumidor nos próximos dias. “Se tivermos uma boa safra de álcool, sem dúvida os consumidores vão sentir isso no bolso. É bom para todo mundo, pois nós também aumentamos as vendas”.

USINAS – Enquanto os consumidores comemoram a queda dos preços do álcool enchendo o tanque, os usineiros estudam fórmulas para conter a tendência baixista do mercado.

“O setor está buscando solução para que os preços sejam mantidos em um patamar que permitam a sobrevivência dos usineiros”, afirmou o diretor executivo do Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras do Estado (Sindálcol), Jorge dos Santos.

Segundo ele, a safra está a todo vapor e não existe sinalização de recuperação de preços. “Se os preços não se ajustarem, a situação ficará insustentável para a usina”, diz.

Atualmente, o preço em vigor na usina está em R$ 0,59, queda de 26,25% em relação aos preços de abril (R$ 0,80).

Mas ainda não é o fundo do poço. “Em 2008, os usineiros chegaram a entregar o álcool por 0,51 quando o produto estava a R$ 0,99 na bomba”, recorda Santos. “O setor ainda não está refeito da crise iniciada em 2008”.

ANP – De acordo com o monitoramento semanal de preços realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) o álcool hidratado comercializado no Estado tem o terceiro preço médio mais barato do País, R$ 1,37, perdendo para São Paulo (R$ 1,23) e para o Paraná (R$ 1,28). Na semana em questão – de 17 a 23 deste mês, o litro ao consumidor revelou mínima de R$ 1,21 em Várzea Grande e máxima de R$ 1,86 em Alta Floresta (800 quilômetros ao norte de Cuiabá). A ANP monitora preços na bomba em apenas oito municípios mato-grossenses, além dessas suas praças, são alvo: Cáceres, Cuiabá, Santo Antonio de Leverger, Rondonópolis, Sinop e Sorriso.

O preço médio adotado pelas distribuidoras de combustíveis nesta semana de análise foi de R$ 1,16, sendo a mínima de R$ 1,04 e a máxima de R$ 1,49.

Com relação à gasolina, a mediana de preços ao consumidor é a 12ª mais acessível do país (R$ 2,55). Paraíba, Ceará e Minas Gerais apresentam os valores mais baixos, R$ 2,33, R$ 2,34 e R$ 2,34, respectivamente.

Já a média de preços da semana para o Brasil revela que o Estado teve valor de bomba abaixo do verificado pela ANP para o álcool que foi de R$ 1,43 – em Mato Grosso R$ 1,37 – e para gasolina, em raros momentos como esse, a diferença entre as médias Brasil (R$ 2,48) e Mato Grosso (R$ 2,55) é de apenas R$ 0,07.

PRODUÇ ÃO – A produção de cana-de-açúcar este ano deverá cair de 15,20 milhões de toneladas para 13,30 milhões de toneladas. O álcool hidratado deverá recuar de 616 milhões de litros para 506 milhões de litros e, o anidro, terá sua produção reduzida de 382 milhões de litros para 296 milhões de litros nesta safra.