Os administradores da usina Albertina se reúnem hoje em assembleia fechada com credores em Ribeirão Preto (SP) para votar medidas que viabilizem o retorno da moagem de cana-de-açúcar nesta safra. A empresa pediu recuperação judicial em novembro do ano passado e tem cerca de R$ 250 milhões de dívidas totais. A usina Albertina espera que os credores aprovem a venda de produtos em estoques, avaliados atualmente em R$ 15 milhões. Em março, esse mesmo estoque (em torno de 150 mil toneladas de açúcar) chegou a ser avaliado em R$ 18 milhões, mas perdeu preço com a entrada da safra de cana no Centro-Sul.
No plano inicial foi prevista a necessidade de aporte de R$ 30 milhões para retomar o processamento na usina. Mas, segundo informações da empresa, foi feito um escalonamento no pagamento das dívidas, com priorização de fornecedores estratégicos, o que inclui os fornecedores de cana que, segundo a Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo (Canaoeste), não recebem da Albertina desde julho do ano passado. Das 22 usinas que recebem cana dos associados da Canaoeste dez estão inadimplentes com o pagamento por cana.
Com o pagamento desses fornecedores e outros prestadores de serviços, a Albertina pretende moer em torno de 1,2 milhão de toneladas de cana nesta safra, o pior desempenho da empresa dos últimos onze anos. Na safra 2007/08, a usina processou 1,5 milhão de toneladas da matéria-prima e produziu 148 mil toneladas de açúcar e 33 milhões de litros de álcool.
Mas na região de Ribeirão Preto não é somente a Albertina que deve reduzir a moagem neste ciclo. A própria Santelisa Vale, que está em fase de fechamento de acordo de venda para a francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC), também vai moer 1 milhão de toneladas a menos de cana este ano. Segundo a assessoria da empresa, a retração não se deve ao momento de crise, mas à redução do raio de c oleta da cana em 20% para 27,5 quilômetros.