O setor de energia teve em 2008 um ano de destaque no aspecto de destinação de recursos: concentrou R$ 58,8 bilhões das aplicações orçamentárias de investimentos das estatais, o que representou 83,2% do total. O ramo de petróleo teve um dos mais altos níveis de execução e alcançou a marca de 90,7% das verbas realizadas – o que aponta o potencial para investimentos das empresas agregadas à Petrobras. O segundo maior ramo do setor, a energia elétrica, recebeu aplicação de R$ 4,1 bilhões e ficou abaixo do nível do setor petrolífero, com a execução em torno de 62,5%.
A tendência de aportes para o setor deve continuar este ano. “Os investimentos via empresas estatais são importantes na crise, porque servem como carro-chefe para ativar a economia e a energia é um setor estratégico”, explicou Paulo Palombo, professor de Finanças do Mackenzie. “Esperamos que o nível de investimento para setor seja mantido e colabo! re para evitar uma crise mais aguda”, disse o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), integrante da Comissão de Minas e Energia.
Na semana passada, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, participou de audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo Gabrielli, a empresa vai ampliar seus investimentos na área da produção e refino de petróleo. “Em que pese a crise econômica que assola os mercados mundiais, a Petrobras vai manter e ampliar os investimentos na produção”, afirmou. O Plano de Negócios da estatal anunciado para o período 2009/2013 é de US$ 174,4 bilhões.
No Orçamento de Investimento das Estatais, do total autorizado na Lei Orçamentária para 2008, no valor de R$ 67,3 bilhões, foram realizadas dotações recordes de R$ 53,4 bilhões, chegando ao nível de 79,41% de execução – dos quais 82,2% financiados com recursos das próprias estatais.
Segundo o balanço realizado pelo Ministério do Planejamento, o conjunto das 72 empresas estatais acompanhadas, por! meio do Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest), fechou 2008 com desempenho 33,2% superior em volume de investimentos ao realizados em 2007 (R$ 39,9 bilhões).
No âmbito do Ministério de Minas e Energia destaca-se o nível de execução junto ao grupo Eletrobrás: 62,8%. Dos R$ 6,1 bilhões programados, a estatal realizou R$ 3,8 bilhões. Nesse montante, as Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás) alcançaram apenas 28,98% (R$ 31,2 milhões) de execução do total da dotação anual de R$ 108 milhões, e na Eletrobrás Termonuclear S.A. (Eletronuclear) em torno de 42,32% do total de R$ 0,7 bilhões.
No grupo Petrobras, que atingiu no ano passado a execução de 85,5%, a Petrobras Biocombustíveis S.A., entretanto não realizou nada dos R$ 278,243 milhões destinados para o órgão. “O setor de biocombustíveis, principalmente o etanol, está passando por um momento delicado de estrangulamento de recursos grande tanto para capital de giro, como para financiam! ento de custeio e estoque e investimentos para novas unidades de produção”, contou o deputado Arnaldo Jardim.
Para o consultor legislativo da Câmara, Paulo César Ribeiro Lima, a crise financeira afeta de modo diferente as diversas áreas do setor energético. No setor petrolífero, a Petrobras apresentou um ambicioso Plano de Negócios para o período de 2009 a 2013. “Nesse Plano, a empresa, praticamente, ignorou a crise”, afirmou. “No setor elétrico, caiu a demanda no curto prazo e as concessões feitas devem garantir o suprimento no médio prazo. Na área de biocombustíveis, o setor sucroalcooleiro vem enfrentando dificuldades em decorrência de uma grande oferta de álcool, com consequente baixa dos preços. Em todos esses setores a atuação do BNDES tem sido fundamental para a manutenção dos investimentos”, completou Lima.
“O governo, no entanto, está estabelecendo medidas de apoio ao setor”, diz Jardim. Exemplo disso é a li! nha de crédito “Warrant”, financiada pelo BNDES, no valor de R$ 3 bilhões, que vai auxiliar a retomada da normalidade no setor sucroalcooleiro no custeio de estoque. “A médio e longo prazo, existe cenário positivo e os apertos tendem a ser resolvidos”, afirmou o deputado.