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Produção de açúcar refinado na Índia cairá 45% até o fim do ano

A produção de açúcar refinado na Índia poderá cair 45% este ano, uma vez que os agricultores da Índia, o segundo maior produtor do mundo do edulcorante, destinam maior parcela da safra de cana para a jagra – açúcar escuro, não refinado, produzido a partir da seiva de diversas palmeiras ou da cana-de-açúcar. Segundo a Associação Indiana das Usinas de Açúcar, o produto é mais lucrativo.

“A produção do açúcar refinado nos 12 meses até setembro próximo poderá cair de 26,4 milhões de toneladas no período correspondente anterior para 14,5 milhões de toneladas”, disse S.L Jain, diretor-geral da associação. Esta é a terceira vez em quatro semanas que a instituição revê para baixo a sua estimativa de produção. No dia 16, a associação previra a produção de 15,5 milhões de toneladas.

Está aumentando a percentagem de cana-de-açúcar desviada na Índia para a produção de jagra. “Os fazendeiros e agricultores da maior região de plantio de cana-de-açúcar da Índia conseguiram preços 13 por cento mais altos dos produtores de jagra que das usinas de açúcar”, disse Jain.

Para ele, “será uma catástrofe para o setor de açúcar [refinado] da Índia. Muita cana-de-açúcar está sendo destinada à fabricação de jagra, que é considerada por muitos como uma alternativa mais saudável ao refinado.” A jagra, um tipo de açúcar mascavo consumido tradicionalmente na Ásia, África e partes da América do Sul, é um produto concentrado do caldo da cana, sem a separação do melaço e dos cristais, cuja cor varia entre vários tons de castanho. O Estado indiano de Maharashtra é o maior produtor e consumidor de jagra.

Os preços do açúcar refinado no subúrbio de Vashi, em Mumbai, o maior mercado da commodity do país, caíram 5% a partir do recorde de três anos, registrado em 20 de fevereiro. A produção de cana-de-açúcar poderá cair 17%, para 290,5 milhões de toneladas nos 12 meses até junho, previu em fevereiro o Ministério da Agricultura.

Uma produção de açúcar refinado inferior à esperada na Índia poderá elevar os preços locais, o que tornaria lucrativo o processamento do açúcar demerara e aumentaria as importações. As usinas de açúcar refinado da Índia, atingidos pela queda nos preços, desaceleraram as compras externas, depois de terem assinado contratos para comprar 1,3 milhão de toneladas. “Os estoques de açúcar nas usinas cairão 85%, para 1,2 milhão de toneladas, menos que a demanda de um mês, até 1º de outubro, em comparação com os 8 milhões de 1º de outubro de 2008”, acrescentou Jain.