Dois agenciadores de bóias-frias foram presos ontem em Matriz do Camaragibe e autuados em flagrante por crime de aliciamento de trabalhadores rurais para o corte da cana-de-açúcar em Mato Grosso. José Ferreira Lins Filho e Cícero Gomes dos Santos arregimentaram irregularmente cerca de mil cortadores que esperaram mais de 35 horas por um transporte que nunca chegou. Eles pagaram R$ 120 pela viagem e ao final só queriam o dinheiro e a carteira de trabalho de volta. Revoltados, tentaram linchar Ferreira, que encontrou refúgio dentro de uma viatura da Polícia Militar (PM). O veículo foi depredado.
Vítimas foram lesadas em até 300 reais
A promessa era de que trabalhariam no corte da cana na Usina Brinco, em Mato Grosso. A empresa negou participação! no esquema. As vítimas pagariam, além dos R$ 120, mais três parcelas de R$ 70 pela viagem. No dia 11 de dezembro de 2008, os “gatos”, como são conhecidos os agenciadores, começaram a listar os trabalhadores e a recolher as carteiras de trabalho, prometendo-lhes que as assinariam. Um exame médico para admissão chegou a ser feito.
“O médico mandava levantar a camisa e pronto, tava feito o exame”, revelou o cortador de cana Givaldo da Silva.
“Ele (Ferreira) marcou a viagem para o dia 20 de janeiro, mas adiou por duas vezes a partida e continuou a juntar mais gente e a juntar dinheiro. Tudo estava pronto para o embarque nesta quarta-feira (25). Chegamos às 6 horas, mas os ônibus não apareceram”, contou Silva.