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Obama diz que barreira do etanol não cairá logo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve reunido ontem com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para falar do etanol, da crise econômica mundial e do estreitamento da parceria entre os dois países para o comércio, além da ajuda a outros países da América Latina e da África. Em uma declaração pública feita pelos dois após o encontro, Obama ressaltou que no campo do biocombustível, Brasil e Estados Unidos precisam unir forças para ajudar outros países da região. Segundo Obama, o trabalho do Brasil na área do biocombustível é avançado. Reconheceu que o assunto é motivo de tensão entre os dois países, mas afirmou que o sistema não vai mudar do dia para a noite.

Uma das principais demandas de Lula é fazer com que os Estados Unidos derrubem as barreiras para o biocombustível. O brasileiro disse não esperar mudanças imediatas e que esse é um processo a ser construído entre os dois países.

Lula falou sobre a importância da eleição de Obama para o mundo e para a América Latina. Ele foi o primeiro presidente latino-americano a se encontrar com o novo presidente americano. Antes de assumir o cargo, Obama havia se encontrado com o presidente do México, Felipe Calderón.

Na agenda de ontem, Lula e Obama discutiram a crise econômica mundial, cujo início foi deflagrado nos Estados Unidos. O presidente brasileiro tem defendido uma saída consensual para que os países cheguem à reunião da cúpula do G-20, em Londres, no início de abril, com propostas convergentes para acabar com a crise.

Obama e eu estamos convencidos que esta crise econômica pode ser resolvida com decisões políticas, declarou Lula. Para ele, é preciso restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade para que a crise comece a ser revertida. Precisamos restabelecer a confiança no governo e para isso precisamos fazer com que o crédito volte a fluir normalmente dentro de cada país.

Como era previsto, o presidente brasileiro mostrou preocupação com a possibilidade de volta do protecionismo nas relações comerciais – assunto que era tratado por ele, antes do encontro, como tema urgente. É extremamente importante que todos os dirigentes que participam do G-20 estejam convencidos de que as decisões têm de ser mais rápidas. O número de desempregados de hoje é o problema social de amanhã, disse Lula.

O presidente brasileiro defende a retomada da Rodada Doha, negociação entre os 153 países que compõem a Organização Mundial do Comércio (OMC), iniciada em 2001 no Quatar, que tenta diminuir as barreiras comerciais entre os países. Segundo ele, a crise precisa ser combatida com decisões políticas.

A crise é considerada uma agenda sensível para Lula. O presidente quer evitar que um prolongamento da crise acabe influenciando em seus altos índices de popularidade e prejudique os planos de fazer da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua sucessora e uma das presentes no encontro.

O presidente brasileiro ainda fez uma brincadeira com Obama dizendo que rezava por ele e não queria estar na sua pele – em referência à crise surgida no País e que abalou o mundo. Antes do encontro com Obama, o presidente Lula se encontrou com o presidente da maior central sindical dos Estados Unidos, a AFL-CIO, John Sweenwy. Amigo de Sweeney antes de assumir a Presidência, Lula fará um gesto de retribuição aos sindicalistas da AFL-CIO que em outras ocasiões tomou posição pública de defesa ao presidente brasileiro.

Um dos assuntos que também estavam previstos para ser discutido no encontro foi o caso do garoto Sean Goldman, de 8 anos. Há quatro anos seu pai norte-americano David Goldman luta pela guarda do filho que mora no Brasil. David casou-se com a brasileira Bruna Ribeiro em 1999 e em 2000 nasceu Sean, nos EUA. Quatro anos depois Bruna voltou ao Brasil com o filho e pediu divórcio. Em agosto do ano passado ela morreu, após complicações no parto de um filho com um novo marido. Sean continuou a viver no Brasil com o padrasto que se recusa a devolver o menino.