Não será de uma hora para outra que as usinas de açúcar e álcool do Brasil vão dobrar seus investimentos, somente por conta da decisão favorável da Organização Mundial do Comércio (OMC) ao país, no processo do açúcar contra a União Européia.
Os investimentos vão ocorrer, é verdade, mas em um ritmo bem mais rápido do que o imaginado pelas usinas. Para Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), as usinas que já tinham projetos de expansão no país deverão acelerar seus investimentos.
O país planta cana-de-açúcar em uma área de 5 milhões de hectares e tem condições de ampliar seus investimentos, expandindo os negócios para o Centro-Oeste do Brasil, em áreas hoje ocupadas com pastagens. Só para atender a uma demanda excedente de até 3 milhões de toneladas de açúcar, que a Europa deixará de exportar, o Brasil terá de criar mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, estima a Unica. O próprio ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu que o país terá de se preparar para fazer mais investimentos na área agrícola.
A expectativa para este ano, no Centro-Sul do país, é de que 24 projetos de reativação de usinas e investimentos em novas fábricas sejam retomados, de acordo com o levantamento da Procana Centro de Informações Sucroalcooleiras.
Esses projetos, boa parte concentrado na região Sudeste, estão calculados em cerca de R$ 1,5 bilhão, considerando que os investimentos em novas unidades produtoras variam de R$ 60 milhões a R$ 150 milhões.
No Centro-Sul, o Brasil tem vários projetos de expansão no país. Somente em Goiás, há 11 projetos de construção e reativação de usinas, segundo o governo de Indústria e Comércio do Estado. Na região paulista de Araçatuba, outros 13 projetos estão sendo tocados pelos empresários.
Para os preços internacionais, a vitória na OMC também é altista. “Essa decisão é mais um fundamento altista, que se soma aos fatores positivos de mercado”, afirma Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento.
Os contratos futuros do açúcar para março de 2005 fecharam em 8,6 centavos de dólar por libra-peso, na bolsa de Nova York, na semana encerrada no dia 6 de agosto. Os preços refletem a menor safra da Índia e da China, que desde o segundo trimestre passou a dar sustentação aos preços. Outro fator altista foram os problemas climáticos no Centro-Sul do Brasil, a partir de maio, com o início da moagem de cana-de-açúcar no país.