Há alguns anos o setor produtivo de Mato Grosso vem estudando novas medidas e maneiras para aumentar a produção de grãos, etanol e carne bovina, evitando a derrubada de novas áreas. Em várias regiões mato-grossenses a integração lavoura, pecuária e silvicultura (ILP) é uma realidade, como na fazenda Iberê, localizada em Primavera do Leste (231 km de Cuiabá). Em 2004, o grupo percebeu a necessidade de buscar novos conceitos para a produção agrícola, envolvendo agricultura, pecuária e reflorestamento.
A iniciativa envolve a produção de macadâmia, fruta exótica típica da Austrália, cujo fruto é utilizada na gastronomia e cosmética. A experiência inédita em Mato Grosso, requer cuidados no plantio, irrigação e futuramente com a comercialização. Para garantir bons rendimentos na produção, a equipe da fazenda tem desenvolvido 13 espécies em estações diferenciadas.
O cultivo da planta é intercalado com café e futuramente se pretende abrir espaço para os parceiros em apicultura, como explica o gerente da fazenda, Fausto Henrique Queiroz: “as flores da macadâmia são fonte de energia para abelhas”. De acordo com o gerente, a fertilização das plantas é feita juntamente com a irrigação, sistema chamado de fertirrigação.
Na lavoura de soja, a experiência tem sido agregada à pastagem. E, para que o pasto seja transformado em lavoura atinge um estágio de degradação. “Quando o pasto não apresenta condições para o rebanho, a alternativa para recuperá-lo é passar o correntão e preparar o solo para a soja”, enfatizou o gerente. Buscando integrar esta mesma área com a pastagem, os técnicos da fazenda esperam a soja chegar a um certo estágio de germinação para semear a gramínea.
Em outro campo experimental, a macadâmia foi plantada junto com a forrageira braquiária. Assim que a árvore da macadâmia atingir uma certa maturidade e a forrageira também, o gado será remanejado para este campo. Há possibilidades também, do remanejamento de animais de pequeno porte. “O mecanismo de integração e manejo de pasto com a lavoura é uma alternativa viável e real. Assim é possível produzir sem abrir novas áreas”, enfatizou Rui Prado, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), que pôde ver de perto a iniciativa da fazenda Iberê. Prado reconhece que Mato Grosso está entrando em um novo conceito de produção. “Esta diversificação traz uma nova fase para o setor produtivo do Estado, onde será possível produzir agregando valor ao meio ambiente”.
Para o deputado federal Homero Pereira, que participou do Dia de Campo na fazenda, a ILPS garante ao agropecuarista um maior rendimento do solo o ano todo. Segundo ele, o que mais é importante, é ver a integração das culturas sem prejudicar o meio ambiente. “Realmente estamos caminhando para uma alternativa que tem dado certo”, comemorou.