Uma recessão que atinja o mundo inteiro. O protecionismo dos países. Mudanças climáticas profundas. Estas são as três únicas incertezas que podem separar o Brasil de uma década de ouro para a Agropecuária. É o que garante o estudo “Projeções do Agronegócio Brasil 2008-2009 a 2018-2019”, elaborado pela assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e divulgado no final de 2008. A pesquisa é a quarta de uma série sobre as principais tendências do setor e serve de base para o planejamento estratégico do Ministério.
A proposta é indicar possíveis tendências do desenvolvimento e fornecer subsídios aos formuladores de políticas públicas sobre as principais direções dos produtos do agronegócio brasileiro. Os resultados buscam informar um grande número de usuários dos diversos setores da economia nacional e internacional. O trabalho foi desenvolvido a partir de dados da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), do Ministério da Agricultura, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) e do International Food Policy Research Institute (Fapri). O período que constitui a base das projeções é de 32 anos. Foram analisados os seguintes produtos: milho, soja, trigo, laranja, suco de laranja, carne de frango, carne bovina, carne suína, açúcar, etanol, algodão, farelo de soja, óleo de soja, leite in natura, feijão, arroz, batata inglesa e mandioca.
A economia mundial no fim de 2008 foi marcada por quedas e subidas vertiginosas nas principais bolsas de valores, uma queda violenta nos preços internacionais do petróleo (que chegou a menos de 60 dólares o barril) e vários acordos firmados entre bancos centrais de diversos países para garantir crédito para empresas de diversos setores. Apesar de tanta instabilidade, o trabalho do Mapa traz um cenário amplamente favorável para a agricultura e pecuária brasileiras. O campo do país, que acaba de colher uma safra de cereais que beirou 140 milhões de toneladas, deve chegar a 180 milhões de toneladas ao final da próxima década.
Tal perspectiva não poderia ser melhor para os produtores de suínos e aves. A soja deve ter um rendimento 34,7% maior neste período, emplacando uma colheita de 80,9 milhões de toneladas enquanto o milho sai de 58,6 para mais de 73 milhões de toneladas. As duas principais matérias primas da indústria de carnes também vai ter uma performance estupenda nas exportações. A soja terá uma participação 41,6% maior e o milho pouco mais de 98%. E o mais interessante é que não será a expansão da área que vai dar o tom deste crescimento nos próximos dez anos e sim, fundamentalmente, a produtividade. Já que, no total das lavouras analisadas, o Brasil deverá ter um acréscimo de área plantada de 15, 5 milhões de hectares.
As estimativas também indicam o sucesso do trabalho dentro das granjas brasileiras. A produção de frangos deve saltar de 11,1 milhões de toneladas para 17,4 milhões, uma variação de 56,7%. Já a carne suína deve se elevar de 3,1 milhões de toneladas para 4,3 milhões, um salto de 36,9%. Percentualmente falando, a projeção trata de um panorama melhor ainda para as exportações das duas carnes. O Brasil pode ultrapassar 1 milhão e 100 mil toneladas de carne suína, 78,2% a mais que em 2008 (aproximadamente 625 mil toneladas).
O incremento na carne de frango pode ser maior ainda, atingindo 6,6 milhões de toneladas, salto de 82,6% sobre as vendas externas atuais, que ficaram em pouco mais de 3,6 milhões de toneladas. E tratando apenas do cenário local, quando o projeto junta os bovinos à estas previsões, temos um crescimento esperado de 51% na produção de carnes, saindo das atuais 24,6 milhões para pouco mais de 37 milhões de toneladas. E, ao vislumbrarmos o cenário internacional de comércio das três carnes, teremos um domínio ainda maior dos produtores brasileiros. Chega a dobrar na carne suína, passando de 10,1% para 21%. Quase dobra com a carne bovina, saindo de 31% e chegando a 60,6% e atinge números impressionantes com a carne de frango, que hoje responde por 44,6% dos negócios mundiais e assume incríveis 89,7% até 2019.