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ONS: decisão sobre gás da Bolívia não foi política

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, rebateu hoje as críticas sobre uma possível motivação política no recuo do governo com relação redução das importações de gás boliviano. “Todas as decisões tomadas acataram sugestões nossas. Não tem nenhum fator político”, afirmou Chipp, em rápida entrevista por telefone Agência Estado.

O próprio ONS havia sugerido ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na quinta-feira o desligamento de todas as térmicas, com base em um cenário de excedente de oferta de energia hídrica nos próximos meses. “Os principais reservatórios de cabeceira dos rios estão acima de 80% de sua capacidade. Há grande expectativa de vertimento”, justificou Chipp. Tal análise foi suficiente para o governo anunciar a redução das importações de gás boliviano de 30 milhões para 19 milhões de metros cúbicos por dia.

No dia seguinte, porém, após reunião com uma comitiva boliviana, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, recuou e disse que o País voltaria a comprar 24 milhões de metros cúbicos, gerando críticas a respeito de uma possível ajuda ao País vizinho. Segundo Chipp, porém, algumas situações emergenciais no Sistema Interligado Nacional (SIN), sobre as quais o ONS só teve conhecimento após a reunião do CMSE, justificam a medida.

A primeira, diz, é a possibilidade de parada da fase C da usina a carvão Jorge Lacerda, em Santa Catarina, que poderia desestabilizar a rede de energia na região, já operando de maneira precária por conta das chuvas. “Estávamos despachando essas térmicas para sustentar as linhas. Agora vamos ligar Araucária”, contou o executivo, referindo-se a uma das térmicas que consumirão gás boliviano. A usina de Canoas, no Rio Grande do Sul, por sua vez, teve de ser ligada por causa do aumento do consumo no Estado, que enfrenta um período de temperaturas altas, disse o executivo.

Em São Paulo, o ONS solicitou as operações da térmica Henry Borden para que a Cteep possa testar um conjunto de seis linhas de transmissão que estavam passando por manutenção. Essa usina, porém, só ficará ligada por 15 dias. Chipp disse que as três térmicas devem ter um consumo de gás em torno de 3,5 milhões de metros cúbicos por dia.