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Sucroalcooleiro: 10% dos grupos devem desaparecer em 2009

Cerca de 10% dos atuais 200 grupos do setor sucroalcooleiro existentes no Brasil devem desaparecer até o final de 2009, de acordo com estimativa do economista Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, especializada em açúcar e etanol. “A previsão é que entre 15 a 20 grupos devem ser absorvidos em operações de fusões e aquisições nos próximos meses”, afirmou. Ele estima que a consolidação do setor deve aumentar e, dentro de cinco anos, o total de grupos do setor caia dos atuais 200 para um número entre 60 e 80 empresas. Segundo ele, a atual crise financeira mundial deve acelerar este movimento que já estava em curso, de concentração da produção em grupos que possuem maior economia de escala. No entanto, Nastari não acredita que um grande número de empresas irá decretar concordata em função da crise neste momento. Em 2008, quatro grupos recorreram à Justiça para paralisar o pagamento de suas dívidas e ganhar tempo para reorganizar suas finanças.

Segundo ele, nestas últimas semanas, as usinas deram início a um processo de recuperação de suas margens graças a um aumento dos preços do açúcar no mercado internacional e à desvalorização cambial verificada pelo real em relação ao dólar. No último mês, os preços do açúcar no mercado internacional registraram valorização de mais de 10% diante da expectativa de retração da oferta no decorrer do ano. ”Desde novembro, a combinação destes dois fatores levou o Brasil a ficar competitivo novamente no mercado internacional. O resultado foi um ritmo de exportações bem maior que o esperado”, disse. Em dezembro, as exportações de açúcar demerara ficaram em 1,54 milhão de toneladas, 60,33% acima das 963 mil t exportadas em igual período de 2007 e 9% acima das exportações do mês anterior. A receita ficou em US$ 432,8 milhões, 87,5% maior que a de dezembro de 2007 e 9% acima da receita de novembro de 2008.

As exportações também foram impulsionadas pela desova de estoques por parte de usinas que precisavam de liquidez para garantir suas operações diante da retração do crédito disponível nas instituições financeiras. Além desta recuperação das margens, muitas empresas estão conseguindo renegociar suas dívidas de curto prazo com os bancos, aliviando a falta de liquidez registrada no segundo semestre do ano passado. Segundo Nastari, o cenário positivo para o setor sucroalcooleiro no médio prazo está fazendo com que os bancos renovem suas operações de crédito com as usinas. “O déficit mundial de oferta de açúcar deve ficar mais evidente a partir de maio, elevando as cotações e impulsionando as exportações brasileiras ainda mais, o que será benéfico para o caixa das empresas”, disse.