O setor sucroenergético, responsável pela produção de energia a partir da cana-de-açúcar, possui potencial semelhante à usina hidrelétrica de Itaipu. A palha da cana gerada nos campos brasileiros pode tornar esta afirmação em realidade já no ano de 2012, segundo Eduardo Leão de Souza, diretor-executivo da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Única), que participou ontem (11) do painel Petróleo e derivados, gás e biocombustíveis – cenários de oferta e demanda, durante o seminário sobre a nova matriz energética brasileira, promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Leão informou que o plantio da cana-de-açúcar utiliza apenas 1% das terras aráveis do Brasil, sem afetar a produção de alimentos do país. Lembrou que, apesar do aumento da produção do etanol e do açúcar na última década, a produção nacional de alimentos dobrou.
Quanto às perspectivas do mercado brasileiro, o representante da Única disse que, a cada ano que passa, os veículos leves são mais flex fuel. No “mbito internacional, afirmou que os Estados Unidos têm meta de consumo de etanol de 140 bilhões de litros para o ano de 2022. No entanto, hoje os EUA sobretaxam em US$ 0,54 o galão importado do Brasil.
Além do combustível (obtido do suco), a bioeletrecidade (obtida da palha) da cana-de-açúcar tem até excedente a ser comercializado. Todavia, apesar da produção brasileira ser privilegiada, ainda enfrenta desafios, como estruturas distintas dos mercados de etanol e de gasolina e elevados custos de estocagem e carregamento do biocombustível.
Para Leão, é necessária uma clara diretriz da participação do etanol na estrutura da matriz energética brasileira. Ele aposta em mudança na fonte de receita do setor sucroenergético para possibilitar maior exploração do etanol, que possui maior balanço energético (menor quantidade de combustível fóssil utilizado em sua obtenção) e sustentabilidade. Propõe que sejam levados em conta nesta análise os fatores econômico, ambiental e social para que, assim, sejam definidos os benefícios trazidos e os incentivos que o setor merece.
“O cenário econômico mundial oferece uma oportunidade ímpar para o Brasil se consolidar como líder global na política de combustíveis. E os benefícios para o país irão certamente além do aumento da produção de máquinas e insumos e de melhor impacto ambiental, por exemplo”, concluiu.