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Usinas criam parcerias para compensar logística limitada no país

Se para os grãos a ineficiente estrutura logística do país atrapalha o escoamento da produção até os portos, limitando os negócios do setor, para o açúcar e álcool a dificuldade não é menor. O transporte da produção de açúcar e álcool até os portos via rodovia, ferrovia ou mesmo hidrovias também esbarra na falta de investimentos e manutenção da infra-estrutura existente no país.

A falta de estrutura para escoar a safra tem levado algumas usinas do setor a buscar parcerias para melhorar a eficiência no transporte, com os governos estaduais e iniciativa privada, e assim dar maior vazão à produção de açúcar e álcool no mercado internacional.

Os empresários de Alagoas são um exemplo bem-sucedido de que a parceria com a iniciativa privada pode dar resultados. Um pool criado por empresários alagoanos em 2002 está ampliando seus investimentos em infra-estrutura nos portos de Maceió, em Alagoas, e de Vitória, no Espírito Santo, para facilitar o escoamento do álcool para o mercado externo. As obras são essenciais para os planos de expansão dessas usinas no exterior. Neste ano, as empresas do Estado devem exportar 350 milhões de litros de álcool.

Segundo Lenierson Austrilino Silva, gerente de comercialização do grupo João Lyra e coordenador do pool de Alagoas, os empresários do Estado de Alagoas que participam do pool, hoje representados por 21 usinas, estão investindo de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões na ampliação do terminal de álcool no porto de Maceió, cuja operação portuária é da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, para aumentar a capacidade de recebimento do terminal dos atuais 30 milhões de litros para 70 milhões de litros. Os investimentos deverão ser concluídos até o final deste ano.

Em outra frente, os grupos alagoanos João Lyra, Carlos Lyra e Tércio Wanderley, que possuem usinas em Minas Gerais, estão em negociação com o grupo Coinbra, que tem uma usina em Minas e outra em São Paulo, e a Cia. Vale do Rio Doce em um pesado investimento na construção de um terminal para álcool em Vitória. Os investimentos somam cerca de R$ 10 milhões para uma capacidade de tancagem de 40 milhões de litros de álcool.

Outra parceria que pode trazer bons resultados é entre o governo do Estado do Paraná e as usinas do Estado, que juntos querem ampliar a capacidade de recebimento de álcool no porto de Paranaguá. As usinas paranaenses têm forte perfil exportador de açúcar e negociam contratos de álcool no exterior.

O diferencial das usinas paranaenses em relação à boa parte das do Centro-Sul do país é a boa infra-estrutura da malha ferroviária, controlada pela ALL Logística, que permite o escoamento do açúcar até os portos. A malha ferroviária da ALL passa pelas usinas. Em outros Estados, a extensão das malhas ferroviárias ainda é limitada.