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Forte demanda ameaça elevar preço do álcool

Nas últimas semanas o preço do álcool nas bombas manteve-se estável e chegou a apresentar um leve recuo. Mas a expressiva demanda interna e externa pelo combustível pode mudar o cenário e levar a reajustes em breve.

Segundo dados da Unica, entidade que representa as usinas de álcool, entre janeiro e maio, o consumo de etanol hidratado aumentou 54,8%, para 5 bilhões de litros, e as exportações até 15 de junho foram de 854 milhões de litros, 64% maior do que o volume de igual período da safra anterior. E a produção tem crescido 7,01% na comparação com a safra 2007/2008.

As consequências dessa forte demanda começam a ficar visíveis. Estudo do Cepea-USP (Centro de Pesquisa e Estudos Avançados da Universidade de São Paulo) revela que, na semana passada, as usinas venderam álcool para os distribuidores com preço médio 6% maior.

O levantamento aponta que, entre os dias 23 e 27, o litro do álcool anidro (que é misturado à gasolina) chegava ao distribuidor, em média, a R$ 0,8207 contra R$ 0,7705 do período anterior, sem impostos. E o álcool hidratado subiu de R$ 0,6773 para R$ 0,7231.

Segundo o levantamento do Cepea, os valores praticados na semana anterior (de 16 a 20) também eram 6% mais alto no caso do álcool hidratado, e de 0,43% no anidro, ou seja, duas semanas seguidas de aumento que devem ser repassados para os postos de combustíveis nas próximas semanas.

“Não fazemos previsões porque nosso trabalho se limita ao acompanhamento dos preços diariamente. Mas, historicamente, os reajustes das usinas para os distribuidores levam cerca de quatro semanas para chegar aos postos e, conseqüentemente, para os motoristas”, comentou a pesquisadora do Cepea Evelise Rasera Bragato.

O diretor-técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, afirmou não acreditar em um aumento de preço para o consumidor porque a safra começou há dois meses e termina no início de dezembro.

Ele comentou que o aumento detectado pelo Cepea envolve uma ponderação de todos os negócios e que há possibilidade de recuo. Outra questão ressaltada por Rodrigues é que o consumidor tem a opção de mudar de combustível quando não estiver satisfeito. “O preço do álcool hoje representa 65% do valor do litro da gasolina. Se aumentarmos para além de 70% ele se torna pouco atrativo”, disse.

Mas o executivo admitiu que o preço do álcool hoje está defasado e que, em algum momento os usineiros terão de recuperar isso. “Conseguimos R$ 36 por tonelada de cana esmagada atualmente e o ideal seria R$ 48 porque houve aumento do diesel, dos fertilizantes e, como tem chovido nas áreas produtoras, a cana está com muita água, o que reduz a produtividade”.