O Brasil ainda exporta pouco etanol para os Estados Unidos, mas as perspectivas são boas. Segundo a consultoria brasileira Datagro, o crescimento das vendas externas de etanol nesta safra será de 37%, atingindo 4,8 bilhões de litros, sendo a maioria destinada ao mercado americano. A consultoria calcula em US$ 1,66 o galão de álcool produzido no Brasil (a partir da cana-de-açúcar), contra US$ 3 o galão nos Estados Unidos, com produção feita a base de milho.
“A perspectiva de exportação se mantém independente dos candidatos”, acredita o presidente da Datagro, Plínio Nastari. Ele lembra que uma maior abertura de mercado não depende apenas do presidente eleito, mas de duras negociações no Congresso. “O agente mais protecionista nos EUA é o Congresso. Mas eu acredito que pelo aumento do preço do combustível e do milho, o regime de importação possa ser flexibilizado, mantendo algum tipo de salvaguarda para o produtor local”, afirma. De acordo com o especialista, Ph.D. em economia agrícola pela Universidade do Estado de Iowa, uma solução seria criar um regime de cotas para a entrada de etanol brasileiro até determinado limite. Já a política em relação a outras commodities brasileiras não deve haver mudança, crê o especialista.
Armando Guedes Coelho, ex-presidente da Petrobras, também acredita que, independente do candidato eleito, as exportações brasileiras de etanol devem aumentar. Até porque os volumes atuais são muito pequenos. “Se os Estados Unidos decidissem adicionar 10% de etanol à gasolina que consomem, o que pode fazer sem precisar avisar ao consumidor, eles consumiriam toda a produção de etanol deles, do Brasil e do resto do mundo”, diz Coelho, que atualmente preside o Conselho Empresarial de Energia da Firjan.
De acordo com Coelho, embora para alguns políticos a “ficha ainda não caiu”, empresários americanos já perceberam que aumentar a produção de etanol é inevitável e o Brasil é o país mais competitivo para isso. “Há grupos americanos entrando aqui e investindo muito. E acho que estão certos. Futuramente vão poder exportar”, afirma.
O eixo da economia virou para o oriente e a América Latina ocupa cada vez menos espaço nas políticas públicas dos Estados Unidos e nos discursos dos candidatos. Mas, no momento em que o petróleo vai às alturas, o etanol brasileiro e as perspectivas de extração de óleo nas reservas do pré-sal poderão alterar significativamente essas relações. (R.L)