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Agrocombustível pode expulsar lavradores de suas terras

Além de ser responsável pelo aumento da exploração do trabalho dos cortadores de cana, o etanol também tem sido alvo de críticas no exterior porque a sua expansão a nível global colabora para a alta no preço dos alimentos e do desmatamento do Brasil.

De acordo com um estudo intitulado “Alimentando a exclusão? O boom dos biocombustíveis e o acesso dos pobres à terra”, realizado pela FAO (agência da ONU para agricultura e alimentos) e pelo Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a expansão dos agrocombustíveis agrava a crise alimentar global e representa uma grave ameaça a milhões de lavradores, que podem ser expulsos de suas terras com a demanda por cultivos intensivos para fins energéticos.

Segundo o relatório, divulgado na véspera do início da cúpula da ONU sobre alimentos, “grupos sociais específicos, como pastores, cultivadores nômades e mulheres, estão especialmente suscetíveis a sofrer a exclusão da terra provocada pelo crescente valor das terras, enquanto as pessoas que já são sem-terra devem ver as barreiras para o acesso crescerem ainda mais”.

Debate

O documento recomenda a adoção de novos padrões para garantir o direito à terra para pessoas pobres, incluindo esquemas de certificação de agrocombustíveis que garantam que eles sejam produzidos sem danos ao meio-ambiente ou abusos aos direitos da população local.

Em abril, o relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler também criticou a produção em massa de agrocombustíveis que segundo ele, representam um “crime contra a humanidade” por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos.

Durante a abertura da cúpula, o presidente Lula defendeu o uso dos agrocombustíveis frente aos que culpam essa fonte de energia pela alta do preço dos alimentos, e responsabilizou o petróleo e o protecionismo pela atual crise alimentar.