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Cosan concorre duro com a Petrobras no transporte de etanol

Depois de vencer o duelo pela rede de postos da Esso, o empresário Rubens Ometto prepara uma nova estocada na Petrobras. A Cosan negocia um acordo com as tradings Itochu e Marubeni para a construção de alcooldutos no Brasil. Se consumada, a parceria vai contrariar os planos confessos da estatal de controlar de forma quase absolutista o transporte de etanol no país.

A Cosan está disposta a investir cerca de US$ 1,5 bilhão no projeto. Inicialmente, seriam construídos dois alcooldutos, ligando o interior de São Paulo e o Centro-Oeste ao Porto de Santos.

Além da instalação de pipelines, as tratativas com as tradings nipônicas envolvem também a comercialização e exportação de álcool para o Japão e o uso da estrutura de distribuição da própria Itochu, acionista de mais de 2,3 mil postos de combustíveis naquele país.

Este pode ser um diferencial em relação à eventual associação entre Petrobras e Itochu, que há mais de um ano promovem estudos conjuntos para uma parceria em produção e exportação de etanol. Tudo pode mudar, mas, a princípio, o modelo de negócio traçado pela estatal não prevê a utilização da rede de postos da Itochu no Japão.

Rubens Ometto está convicto de que a Cosan pode ser uma mosca na sopa, ou melhor, no etanol da Petrobras. Ao subir na garupa da Itochu e da Marubeni, a empresa conseguirá reduzir drasticamente a dependência logística da estatal no transporte do etanol dentro do Brasil, melhorando suas margens em relação aos concorrentes. Poderá também disponibilizar sua rede de dutos para terceiros, competindo diretamente com a própria Petrobras na distribuição do combustível.

Ao mesmo tempo, terá um caminho próprio para entrar no estratégico mercado japonês. A previsão da Cosan é exportar anualmente para o país asiático cerca de 360 milhões de litros de álcool a partir de 2010. Se a estimativa se concretizar, a empresa de Rubens Ometto comercializará 20% de todo o etanol que o Brasil deverá vender ao Japão dentro de dois anos. Projeções iniciais feitas pela Cosan indicam que este volume poderá subir gradativamente até chegar a 50% do total exportado em 2013.