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Lula propõe "pacto global" sobre biocombustíveis e diz que Kioto fracassou

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou hoje os países ricos pelo “fracasso” do Protocolo de Kioto e propôs a assinatura de um “pacto global” em favor do uso em massa de biocombustíveis para atenuar as conseqüências da alta do petróleo no mercado internacional.

Lula defendeu ainda a “conquista” da Amazônia e um papel de maior relevância da América do Sul no contexto internacional.

“O Protocolo de Kioto fracassou”, disse o presidente em discurso no 20º Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na cidade do Rio de Janeiro.

“Todo mundo assinou, mas quem tinha de tomar medidas para cumprir o protocolo não o referendou. Nós referendamos”, acrescentou.

Com o uso de etanol, o Brasil reduziu em 800 milhões de toneladas suas emissões de CO2, completou Lula.

“Estamos oferecendo ao mundo a certeza de que é possível produzir um combustível não poluente e de que podemos avançar em etanol de segunda e terceira geração”, acrescentou.

O presidente declarou que os biocombustíveis representam uma saída para o problema do aquecimento global.

Também argumentou que não há riscos de a produção em massa de etanol e biodiesel prejudicarem o abastecimento de alimentos, em meio a um ambiente em que a demanda e o consumo de comida em grandes nações emergentes como China, Índia e o próprio Brasil têm crescido, algo que “assusta” alguns.

“Ao Brasil não (assusta). Nós temos terra fértil, sol, água tecnologia, força de trabalho, capacidade empresarial e agricultura familiar para responder a esse desafio”, disse Lula.

“Não estamos frente a um risco, mas a uma oportunidade, e não pretendemos desperdiçá-la. Falamos de um novo mundo nos trópicos”, afirmou.

Para o presidente, a “América do Sul torna-se um interlocutor cada vez mais indispensável” na medida em que o mundo necessita “compatibilizar segurança alimentar, provisão energética adequada e preservação do meio ambiente”.

Lula também comentou o fato de os países “responsáveis por 70% da poluição do planeta agora estarem de olho na Amazônia da América do Sul”.

A preocupação internacional sobre a conservação dos ecossistemas locais despertou a atenção daqueles que vêem ameaçada a soberania brasileira.