Não houve desfecho na questão do etanol na Rodada Doha, durante a reunião ministerial entre os Estados Unidos e o Brasil, realizada ontem em Roma. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, voltou a pressionar Washington para aceitar negociar a redução de tarifa de importação. A representante americana simplesmente tomou nota da reivindicação.
“Achamos que essa tarifa é totalmente absurda, é uma óbvia barreira na fronteira, discriminatória, e tem de ser tratada (na OMC)”, disse o ministro, numa alusão à tarifa de importação de US$ 0,54 por galão de etanol, que Washington cobra e que não quer negociar na Organização Mundial do Comércio. Para os EUA, não se trata de alíquota, mas de “outras taxas”. Só que, com isso, o etanol seria o único produto excluído de liberalização num acordo de Doha.
Amorim disse que os EUA sabem que o Brasil está disposto a abrir um contencioso contra a taxa na OMC. O ministro foi enfático sobre o etanol e sua expectativa é que a discussão sobre segurança alimentar ajude na derrubada da taxa americana. “Se o preço do etanol de milho está tendo influência negativa nos preços dos alimentos, uma abertura do mercado americano para etanol mais competitivo e que não afeta a produção alimentar, como o nosso, teria efeito positivo global”, argumentou.
Para analistas em Genebra, o etanol será uma enorme dor de cabeça, na medida em que os países tentem fechar um acordo em Doha, porque parece improvável o Brasil aceitar acordo sem abertura para o produto. (AM)