O horizonte favorável aos preços agrícolas atualmente e pelo menos para os próximos dois anos faz com que a 15ª Agrishow, que começa dia 28 de abril e prossegue até o dia 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP), tenha um “potencial interessante de vendas”, acredita o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que assumiu, recentemente, a presidência do Conselho Consultivo da Agrishow.
“Há um clima positivo para os preços das principais commodities agrícolas, com exceção, hoje, da cana-de-açúcar”, diz o ex-ministro. A baixa de estoques mundiais, principalmente de soja, milho e trigo, aliada a outros fatores como forte demanda por parte dos países emergentes e migração de investidores para as commodities agrícolas, fez com que as cotações internacionais subissem acima das médias históricas.
“Até o mercado se reequilibrar e os estoques serem repostos vai demorar um tempo, daí o horizonte favorável”, diz Rodrigues, acrescentando, porém, que a capacidade de investimento de parte dos agricultores em maquinário e novas tecnologias está limitada, ainda, por problemas imensos de logística e pela dívida agrícola herdada em safras anteriores – a renegociação desta dívida, aliás, e como a reforma tributária pode afetar a agricultura serão temas debatidos durante a Agrishow pela bancada ruralista da Câmara dos Deputados, que Rodrigues convidou para visitar a feira.
Costeiros e fronteiros
“Divido os agricultores brasileiros em duas famílias: “costeiros” e “fronteiros””, explica o ex-ministro. “Os “costeiros”, que estão perto dos centros consumidores, têm boas estradas, fretes e portos mais acessíveis, e, apesar do câmbio ruim, mais condições de aproveitar a alta de preços e investir em tecnologia”, diz. “Já os “fronteiros”, do Centro-Oeste para cima, ainda estão sendo violentamente prejudicados pelo custo da logística e não conseguiram nem quitar dívidas.”
Um agricultor “fronteiro”, Valdir Correa, de Diamantina (MT), onde planta 1.700 hectares de soja, pretende, mesmo com as dificuldades elencadas pelo ex-ministro, visitar a Agrishow deste ano e, quem sabe, investir, já que a edição Cerrado do evento, realizada em Rondonópolis (MT), foi cancelada. “A Agrishow é uma referência para os agricultores, e tem alguns diferenciais porque, além das novidades, as empresas oferecem promoções e descontos e o financiamento é facilitado”, diz.
O produtor, que também é diretor-secretário da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), acredita que boa parte dos grandes produtores do Estado deve ir à feira em Ribeirão Preto para fechar negócios. “Com a crise do setor de grãos nos últimos três anos o produtor ficou sem renda. Ainda não dá para investir como há alguns anos, mas precisamos começar a renovar o patrimônio”, diz ele, que pretende comprar uma plantadeira e um pulverizador. “É importante melhorar a frota, pois as máquinas vão perdendo eficiência e prejudicam a produtividade. E a indústria está sempre lançando equipamentos mais modernos.”
Negócios
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), responsável pela realização da feira, com o apoio da Associação Brasileira de Agribusiness, da Associação Nacional para Difusão de Adubos e da Sociedade Rural Brasileira, a expectativa de negócios na Agrishow 2008 é de R$ 800 milhões, 12,67% mais que os
R$ 710 milhões de 2007.
A Agrishow terá 745 expositores e deve receber 135 mil visitantes. Para as demonstrações dinâmicas de máquinas e equipamentos, foram separados 100 hectares, dos 240 hectares totais da fazenda onde se realiza a mostra. Haverá demonstrações em café, cana, milho, feijão e forrageiras.
Para as próximas edições da Agrishow, o ex-ministro Roberto Rodrigues pretende trazer a agricultura familiar para a feira, para abrigar toda a cadeia produtiva no evento. Além disso, há a proposta de desdobrar a Agrishow em três feiras, não concomitantes: uma seria a Agrishow, propriamente dita, outra teria como tema central a sustentabilidade e outra a agroenergia. “São propostas ainda a serem discutidas”, finaliza Rodrigues. (Tânia Rabello. Colaborou Niza Souza)