O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje (11) que seja aberto um debate “sem idéias preconcebidas” sobre os “supostos riscos” dos biocombustíveis.
“É necessário discutir as barreiras ao comércio de biocombustíveis que surgem. Como supostos riscos ambientais, sociais e alimentícios”, afirmou Lula em discurso sobre formas para enfrentar os principais desafios mundiais.
Ele acrescentou que este debate é “necessário e urgente, mas tem que ser feito com base em informações e não em idéias preconcebidas”.
O discurso de Lula, em uma sala do Parlamento holandês no último dia de sua visita de Estado a este país, aconteceu em meio a crescentes discussões sobre quais são os efeitos dos biocombustíveis no preço mundial dos alimentos e suas conseqüências nas emissões de efeito estufa.
Lula lembrou que a cana de açúcar da onde se obtém o bioetanol “ocupa 1% das terras cultiváveis” do país, por isto não representa um impacto negativo para a alimentação dos brasileiros.
Além disso, destacou que a expansão deste cultivo ocorre na região centro-sul do Brasil, longe, portanto, da floresta amazônica.
Lula declarou que está trabalhando internacionalmente por um sistema que busca a sustentabilidade ambiental e social para o bioetanol e o biodiesel, “pois se deseja garantir o desenvolvimento em harmonia com a natureza e em benefício da população que mais necessita”.
Em sua defesa dos biocombustíveis Lula disse que a atual degradação ambiental é culpa principalmente dos combustíveis fósseis.
Por isto no Brasil a substituição parcial da gasolina pelo etanol “evitou a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 nos últimos 30 anos e gerou cerca de 6 milhões de postos de trabalho, incluídas as regiões mais pobres”.
Lula disse que deseja exportar este modelo: “O Brasil deseja repetir estes resultados em países da América Latina, da África e da Ásia sempre que as realidades e as necessidades locais recomendarem”.
Em outras questões destacou o momento doce que atravessa a economia do Brasil, que deixou de ser um país devedor e passou à condição de credor internacional.
No contexto da economia internacional reafirmou o compromisso brasileiro com os objetivos da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Por isto pediu aos países desenvolvidos que dêem um passo em direção a uma liberalização eqüitativa e eliminem os subsídios agrícolas e outras distorções do comércio mundial.
Lula afirmou que está sendo assistido o nascimento em escala mundial de uma nova geografia econômica, comercial e política, em referência aos fluxos comerciais e investimentos entre Brasil e os países da América Latina, da África, do Oriente Médio e do resto da Ásia.
Além disso, o presidente brasileiro reafirmou o compromisso com o contínuo impulso do Mercosul e destacou que a criação do Parlamento do bloco “é o embrião de uma cidadania verdadeiramente latino-americana”.