A segunda geração de biocombustíveis que utilizarão matérias-primas não-comestíveis, como aparas de madeira e esterco, serão disponibilizados comercialmente dentro de quatro anos, disse a Novozymes A/S, a maior fabricante mundial de enzimas para processos industriais e relacionados aos combustíveis limpos.
A Novozymes colocará no mercado uma enzima que faz sentido comercialmente e que será utilizada na produção de biocombustíveis dentro de dois anos, disse Per Falholt, vice- presidente executivo do setor de pesquisa e desenvolvimento da empresa. As enzimas processam rejeitos orgânicos para produzir biocombistíveis. Os biocombustíveis de segunda geração poderão responder por até 23% dos combustíveis utilizados pelo setor mundial de transportes até 2030, disse ele. A China e a Índia estão crescendo a um ritmo muito acelerado e a necessidade de combustíveis para o setor de transportes vai explodir, disse ontem Falholt, em entrevista concedida em Bruxelas, na Bélgica. A Novozymes está sediada em Bagsvaerd, na Dinamarca.
Governos de países como os Estados Unidos e os membros da União Européia (UE) estão definindo metas compulsórias para o uso de biocombustíveis com a intenção de restringir as emissões de dióxido de carbono e de diminuir a dependência das importações de petróleo. Os preços do milho, a principal matéria-prima utilizada na fabricação do etanol nos EUA, país que é o maior produtor mundial do grão, subiram 42% no período de um ano, alimentando a demanda por biocombustíveis de segunda geração. O caminho a ser seguir com relação a biocombustíveis é desenvolver o que chamamos de biocombustíveis de segunda geração, pois essa segunda geração realmente vai contribuir para a melhoria do meio ambiente, disse o primeiro-ministro dinamarquês Anders Fogh Rasmussen. O etanol de segunda geração atualmente custa entre US$ 2 e US$ 3 por galão para ser produzido, segundo Farhol, que acrescentou que os custos podem ser reduzidos para US$ 1,50 por galão. O Brasil, os Estados Unidos e a China são os principais desenvolvedores mundiais de biocombustíveis de segunda geração, disse ele. Seria bom observarmos algo mais além de apoio moral na Europa para os biocombustíveis de segunda geração, disse Farholt. Nós precisamos agir no momento. Nos EUA a política é bastante clara e isso é o que move o capital de risco, que está ávido por entrar nesse mercado.
A União Européia (UE) não vai voltar atrás em suas políticas sobre a promoção dos biocombustíveis porque elas são uma arma importante no enfrentamento das mudanças climáticas, disse Mariann Fischer Boel, comissária para Agricultura e Desenvolvimento Rural do bloco. Os biocombustíveis são polêmicos, disse Boel na conferência World Biofuels Markets realizada ontem em Bruxelas. Mesmo assim eles têm justificativa sólida. Não temos em vista qualquer reviravolta na nossa política, afirmou. A UE está aumentando a produção de etanol, destilado a partir de produtos agrícolas como o trigo e o milho, e a fabricação de biodiesel, que pode ser produzido a partir da canola, a fim de cumprir a meta compulsória de que os biocombustíveis impulsionem 10% de todos os meios de transporte da região até 2020. O transporte responde por 20% das emissões de gases geradores do efeito estufa do bloco de 27 países, disse Boel. Os preços do petróleo, a mais de US$ 100 o barril, estão contribuindo significativamente para a inflação, disse a comissária, enquanto manifestantes antibiocombustíveis protestavam fora do prédio onde se realizava o evento. Os biocombustíveis são parte da resposta, acrescentou.
Boel disse que a UE está enrijecendo critérios de sustentabilidade para biocombustíveis produzidos em âmbito doméstico ou importados, ao exigir que eles produzam emissões de gases geradores do efeito estufa pelo menos 35% menores que as produzidas pelos combustíveis fósseis.