Mercado

Fábrica que fabrica Fábricas

A INCRÍVEL ONDA EM torno dos biocombustíveis despertou um gigante adormecido. As empresas indianas, relutantes em apostar no Brasil, começam a desembarcar por aqui. Uma delas, a Praj Industries, acaba de anunciar uma associação com uma das mais tradicionais fabricantes de bens de capital do Brasil, a Jaraguá Equipamentos. O objetivo: fornecer fábricas inteiras para a produção de biocombustíveis.

“É uma fábrica que constrói fábricas”, afirma Cristian Jaty Silva, vice-presidente comercial da Jaraguá. O investimento inicial, de R$ 9 milhões, é modesto para um negócio que visa a suprir todo o potencial do setor. Segundo dados do mercado, o País deve ampliar sua capacidade de produção de etanol, até 2011, para 3 bilhões de litros por ano. Mas para a Jaraguá, dona de um faturamento de R$ 290 milhões, o negócio significa a estréia em um novo ramo, o dos biocombustíveis. “Quando iniciamos uma pesquisa para saber quem conhecia esse segmento, descobrimos que a Índia está muito avançada nessa tecnologia e a Praj é uma das líderes nesta área”, ressalta Jaty.

Já a Praj, responsável pela construção de 350 plantas industriais em 40 países, viu a oportunidade de colocar o pé em um dos mais promissores mercados desse segmento. Hoje, seu faturamento bate na casa dos US$ 175 milhões por ano e seu valor de mercado atinge US$ 1 bilhão. “O Brasil tem relações comerciais positivas com nosso país, é um grande produtor de açúcar e etanol e as pessoas são ótimas para fazer negócios. Por isso, muitas empresas indianas estão estudando o desembarque por aqui”, revela o indiano Pramod Chaudhari, presidente da Praj-Jaraguá. Inicialmente, a nova empresa aproveitará as instalações de uma das três fábricas existentes da Jaraguá, em Sorocaba (SP). Em poucos meses, Jaty garante que um novo local será definido. A única certeza é de que a planta ficará no interior de São Paulo. Mas os executivos à frente da nova companhia ainda não se arriscam a falar em números. Com um inglês bem pausado, Chaudhari diz que tudo será avaliado “passo a passo”, de acordo com a demanda desse mercado. Mas ele não descarta a possibilidade de a nova companhia seguir os passos da Praj e abrir capital.