Em três ou quatro anos, a Rússia, principal importador de açúcar brasileiro, deve alcançar sua auto-suficiência em açúcar e deixar de importar o produto. “A tendência é que eles diminuam cada vez mais suas compras até zerarem em quatro anos”, avalia Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro. A auto-suficiência vem sendo buscada por outros países, até então, importadores, segundo Stefan Uhlenbrock, analista de commodities da consultoria F.O. Licht. “A Indonésia, por exemplo, que produziu 2,3 milhões de toneladas na safra 2004/05 deve atingir 2,9 milhões em 2008/09 para um consumo interno de cerca de 4 milhões”, cita Uhlenbrock. A Rússia, continua ele, que produzia 2,5 milhões de toneladas em 2004/05 ampliou esse volume para 3,4 milhões na 2007/08, 36% de crescimento. Ele estima que o consumo interno russo seja próximo de 5,6 milhões de toneladas. Os russos compram 20% do açúcar que o Brasil exporta. Foram 4,6 milhões de toneladas para um exportação total de 21,6 milhões de toneladas em 2006. Em 2007, essa participação caiu 0,5 pontos percentuais, o que representou, em volumes, 150 mil toneladas. Em janeiro deste ano, o Brasil exportou 33% menos açúcar para a Rússia que em igual mês de 2007. Em fevereiro, houve outra redução, de 20,6%, saindo de 85 mil toneladas em fevereiro de 2006 para 67 mil toneladas. Considerando todos os países, as exportações de açúcar em fevereiro deste ano recuaram de 347 mil toneladas para 326 mil, 6% menos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O recuo, segundo analistas, teve relação com a entrada em vigor em dezembro de 2007 do aumento da taxa de importação de US$ 140 por tonelada para US$ 220. Mas o impacto da saída da Rússia da pauta de exportação de açúcar do Brasil em até quatro anos deve ser amenizado com a entrada de outros países consumidores. “A população mundial cresce e o consumo de açúcar também, a taxas anuais de 2,8%”, completa Nastari. Mário Silveira, da FCStone, acredita que países da União Européia podem voltar a comprar mais açúcar do Brasil, além dos asiáticos, cujo consumo está crescendo em ritmo avançado. Países do Oriente Médio também aumentaram as compras de açúcar brasileiro no último ano. A Arábia Saudita, por exemplo, importou 1,072 milhão de toneladas em 2007, 40% mais que os 765 mil de 2006. Outros aumentos ocorreram na Argélia, no Canadá, na África do Sul e na Croácia.
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