O Banco Sumitomo Mitsui Brasileiro tem em carteira cerca de 1 milhão de toneladas de créditos de carbono gerados por projetos de energia limpa no País, destinados a compradores japoneses e europeus. Segundo Hajime Uchida, gerente-geral do departamento de meio ambiente do banco, os créditos são gerados por projetos de energia renovável como as PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e cogeração de energia a partir de biomassa.
Embora a meta de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) definida pelo Protocolo de Kyoto seja uma responsabilidade do governo japonês, não só empresas como pessoas físicas já realizam a compensação de suas emissões de forma voluntária, comprando créditos de carbono gerados por projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), conta Uchida. Já os europeus são investidores e estão comprando para negociar no mercado, completa.
Recentemente, o Sumitomo venceu uma concorrência para vender créditos de carbono para o time de futebol Shimizu S-Pulse, o quarto no ranking do Japão, que pretende compensar as emissões geradas por suas viagens desta e de temporadas passadas.
As empresas de leasing são grandes compradoras de créditos de carbono, pois acreditam que os clientes estão dispostos a pagar mais pelos seus equipamentos caso tenham as emissões compensadas, afirma. Outro caso, conta, é o das imobiliárias que compensam as emissões dos imóveis que administram, pretendendo com isso, atrair empresas preocupadas com a questão ambiental. O consumidor japonês está disposto a pagar mais se puder contribuir, diz.
A matriz do Sumitomo, o terceiro maior banco do Japão, também está se valendo desta demanda para enfrentar a concorrência no mercado de crédito imobiliário. Vai premiar os clientes que contratarem financiamento habitacional com a compensação das emissões decorrentes da construção da unidade. Os juros serão os mesmos praticados pelo mercado, mas a compensação do carbono com certeza será uma eficiente arma para atrair os clientes.
Uchida, que desde 2005 dedica-se a prospectar potenciais projetos no Brasil para atender à demanda de empresas japonesas por créditos de carbono, realizou no final de 2006 sua primeira grande operação neste ramo, intermediando a venda de 1,5 milhão de toneladas de créditos de carbono entre empresas brasileiras e a japonesa Chugoku Eletric Power.
A operação foi considerada inovadora, pois colocou em um mesmo pacote os créditos de carbono de 12 vendedores, todos projetos brasileiros de MDL decorrentes de plantas de PCH e cogeração de energia de biomassa. Desenvolvemos uma padronização para os contratos, o que reduziu os custos e facilitou a negociação, conta Uchida.
A formatação criada pelo executivo solucionou um dilema do mercado de carbono, onde os projetos pequenos, a despeito de sua contribuição para o meio ambiente, são considerados inviáveis do ponto de vista da venda de créditos de carbono em razão dos elevados custos de registro na ONU (Organização das Nações Unidas), responsável pela regulação do mercado no âmbito do Protocolo de Kyoto.
O modelo de negociação desenvolvido por Uchida rendeu ao Sumitomo o prêmio de sustentabilidade do ano, concedido pelo jornal inglês Financial Times em 2007. A idéia de colocar vários projetos pequenos em um mesmo pacote está inserida na filosofia de Kyoto de criar e disseminar as soluções para enfrentar as mudanças climáticas.