A decisão da Energias do Brasil de criar a Enernova, uma unidade de negócio focada na geração a partir de energias renováveis, aproximará a companhia do agronegócio brasileiro. A empresa pretende atuar em toda a cadeia da biomassa, como forma de garantir desde o suprimento até o destino do produto. “Queremos prospectar oportunidades de construções de usinas, buscar parceiros e desenvolver novas tecnologias para o setor”, destaca o novo diretor-presidente da Energias do Brasil, António Pita de Abreu.
Segundo projeções da companhia, o mercado de energia a partir da biomassa de cana-de-açúcar tem um potencial não explorado de 8 gigawatts (GW). Para iniciar suas atividades nesta área, a Energias do Brasil analisa uma série de projetos, entre eles a construção de uma usina com capacidade de 320 megawatts (MW). A participação da companhia no projeto deverá se estender por toda a cadeia, desde as atividades agrícolas até a área industrial.
Com capacidade inicial de 130 MW, a Enernova entra em operação com objetivo de alcançar uma capacidade de 1000 MW até 2012. A maior parte deste volume será proveniente de projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCH), mas dentro de cinco anos a companhia já prevê a geração de energia a partir da biomassa e dos projetos eólicos, segmento que é objeto de desejo da companhia no Brasil e em outros países sul-americanos.
“A capacidade de geração, no Brasil, a partir da energia eólica é equivalente a 10 Itaipus. Há um grande potencial e pretendemos contar com a parceria da EDP Renováveis para acelerar o crescimento desta área no Brasil e na América do Sul”, analisa o diretor-presidente da Energias do Brasil.
A EDP Renováveis é um dos braços do grupo Energias de Portugal, com atuação na área de fontes renováveis. Criada no ano passado, a unidade terá participação de 55% no acordo societário firmado com a Energias do Brasil. A companhia brasileira não divulgou os valores necessários para a formação da Enernova, nem quais serão os recursos disponibilizados para os projetos nas áreas de PCHs, usinas de biomassa ou parques eólicos.
Além da geração de energia a partir de parques eólicos, a Energias do Brasil vê a possibilidade de levantar recursos a partir da venda de créditos de carbono. De acordo com o vice-presidente de comercialização da Energias do Brasil, Miguel Nuno Ferreira Setas, a companhia acabou de receber aprovação da Organização das Nações Unidas (ONU) para o projeto relativo à PCH Paraíso, localizada no Mato Grosso do Sul e com capacidade de 21 MW. (André Magnabosco)