Mercado

Iraque quer voltar a ser um parceiro comercial do Brasil

Em março o ministro do comércio do Iraque, Abdul Falah Al Sudani deve desembarcar no Brasil. Na bagagem, provavelmente trará grandes oportunidade de negócios para os exportadores brasileiros interessados na reconstrução de seu país. Entre os produtos, há um que merecerá uma atenção especial do ministro, carros brasileiros para renovação da frota iraquiana, que mantém em funcionamento os velhos Passats exportados pelo Brasil nos anos 80 e ainda amados por aquele povo.

O interesse, entretanto, não deve parar por aí. Segundo dados da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque., já há um crescimento substancial das vendas brasileiras desde o ano passado. Em janeiro de 2008 os iraquianos compraram US$ 18,815 milhões em produtos, 74,8% a mais que o volume registrado em igual período de 2007, quando chegou a US$ 10,765 milhões. Ao longo de 2007, a soma das vendas ultrapassaram US$ 226 milhões, o quarto melhor resultado em 20 anos. Os dados levam em conta não apenas o que é vendido diretamente ao Iraque, mas também todo tipo de negociação triangulada, que chegam por países vizinhos, como Jordânia, e entram por terra no país.

Na opinião de Jalal Jamel Chaya, presidente da entidade, os números só confirmam a melhora da situação do seu país e indicam que o fluxo de comércio entre as duas nações podem crescer ainda mais. O Brasil já foi um grande parceiro comercial do Iraque nos anos 70, quando as vendas chegavam a US$ 630 milhões por ano, com cerca de 480 produtos diferentes. O que só mudou no final da década de 80, com o embargo da ONU, diz.

A única questão agora é vencer o receio em relação a frágil situação daquele país, que no último final de semana registrou novos ataques terroristas em Bagdá. Para tentar driblar esse receio e incentivar a parceria entre os dois países, o senador Eduardo Suplicy esteve no Iraque para falar a respeito do sucesso do Programa Renda Mínima e apóia a realização do amistoso entre as seleções brasileira e iraquiana. O futebol é uma paixão em comum com os brasileiros, além dos carros, diz Chaya. Outro incentivo virá da criação de um show room de produtos brasileiros, que será montado pela Câmara na região Norte do Iraque, considerada a mais calma e promissora. O objetivo é oferecer aos iraquianos oportunidade para conhecer melhor os produtos do Brasil.

Já registramos um aumento de interesse de empresas brasileiras na reconstrução do Iraque e vamos ajudar a estreitar essas relações. E os argumentos do presidente da Câmara são mais do que convincentes: um país que precisa de tudo para ser reconstruído, com mais de 30 milhões de habitantes e que conta com uma reserva de petróleo estimada em cerca de 250 bilhões de barris em apenas um dos campos na região Sul.

Na pauta dos produtos mais importados hoje estão frango, carne, açúcar e reatores e bobinas de reatância. Procuradas pela reportagem, empresas como Perdigão e Sadia, tradicionais exportadoras de produtos alimentícios para o Oriente Médio, preferiram não comentar a respeito do aumento das vendas. Mas Chaya diz que as oportunidades são imensas. Pertencente a pequena comunidade iraquiana no Brasil, com cerca de 400 membros, o presidente da Câmara voltou ao seu país em outubro de 2007 depois de 29 anos e ficou feliz em ver o processo de reconstrução.