O resultado, apurado pelo IBGE, coloca o Estado na última posição entre as 14 localidades pesquisadas em 2007
A produção industrial no Ceará, ajustada sazonalmente, fechou 2007 com um leve crescimento, de apenas 0,3%, bem inferior ao observado em 2006 ( 5,6%). O resultado coloca o Estado na última posição entre 14 as localidades pesquisadas. Em dezembro do ano passado, as atividades industriais recuaram 0,5% em relação a novembro — segunda taxa negativa consecutiva, acumulando uma perda de 1,2% nesse período. Os dados fazem parte da pesquisa mensal divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em relação ao mesmo período de 2006, os principais indicadores foram positivos: 1,1% no indicador mensal, 2,3% no quarto trimestre e 0,3% no acumulado do ano. Para o resultado de 1,1% contribuíram positivamente cinco dos dez setores industriais pesquisados, com destaque para têxtil (14,9%), por conta do aumento na fabricação de tecidos de algodão. Vale citar ainda os avanços vindos de calçados e artigos de couro (7,2%) e de vestuário (15,3%), em virtude, respectivamente, da maior fabricação de calçados de plástico, e calças e bermudas masculinas de uso profissional, além de camisas de malha masculinas.
Na contramão dos resultados, as maiores influências negativas vieram de alimentos e bebidas (-4,2%), com destaque para os itens cachaça e castanha de caju beneficiada; e de refino de petróleo e produção de álcool (-14,1%), ocasionadas pela redução na fabricação de gasolina no período.
Na evolução por trimestre, observa-se avanço de 2,3% no período outubro-dezembro, revertendo a queda de 2,1% no terceiro trimestre, ambas as comparações contra iguais períodos do ano anterior. Para este movimento contribuíram seis atividades, com destaque para têxtil, que passou de uma queda de 5,8% para um crescimento de 5,5%; máquinas, aparelhos e materiais elétricos (de 43,5% para 12,8%) e vestuário (de 18,9% para -2,5%).
No indicador acumulado no ano, a indústria cearense mostrou variação próxima de zero (0,3%), com taxas positivas em cinco das dez atividades. O maior impacto positivo veio de alimentos e bebidas (5,3%), seguido por calçados e artigos de couro (7,9%) e produtos químicos (15,3%). Nestes ramos, sobressaem os itens castanha de caju torrados e beneficiados; calçados de plástico e de couro; tintas e vernizes para construção e vacinas veterinárias. Por outro lado, a maior influência negativa foi assinalada por refino de petróleo e produção de álcool (-32,0%), pressionada, em grande parte, pela menor fabricação de gasolina.
Nordeste
Em dezembro, a indústria nordestina avançou 1,5% frente ao mês anterior, na série livre dos efeitos sazonais, quarta taxa positiva consecutiva, período em que acumulou ganho de 3,6%. No confronto com dezembro de 2006, o crescimento foi de 9,6%, resultado mais elevado desde os 12,3% de janeiro de 2005. O indicador acumulado no ano fecha 2007 com expansão de 3,2%. Na análise trimestral, o quarto trimestre de 2007 aumenta 5,5% frente a igual período de 2006 e 2,4% ante o trimestre imediatamente anterior – série também com ajuste sazonal.
Na comparação com igual mês do ano anterior, a indústria nordestina assinalou, em dezembro de 2007, expansão de 9,6%, com avanços em nove dos onze segmentos pesquisados. Os setores de maior influência sobre a média global foram: refino de petróleo e produção de álcool (17,0%), produtos químicos (8,9%), têxtil (28,5%) e alimentos e bebidas (4,7%). A metalurgia básica (-2,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,4%) foram as duas únicas pressões negativas no período.
Brasil
No País, os resultados de dezembro confirmam o quadro positivo da produção industrial em nível regional ao longo de 2007. No fechamento do ano, acompanhando a expansão verificada na indústria nacional (6,0%), os quatorze locais pesquisados apontam acréscimo na produção, com cinco assinalando marcas acima da média nacional. Entre esses, estão Minas Gerais (8,6%), cuja expansão é sustentada pelo indústria automobilística e pelo setor extrativo; seguido pelo Espírito Santo e Rio Grande do Sul (ambos com 7,5%), Paraná (6,7%) e São Paulo (6,2%).
BALANÇO DE 2007
Fiec aponta expansão de 8,65% nas vendas
Segundo o Indi, da Fiec, o comportamento da economia influenciou de forma muito positiva esse resultado
Embora o IBGE aponte para tímida expansão de 0,3% da produção industrial do Ceará no ano que passou, por outro lado as vendas totais na indústria de transformação no Estado finalizaram 2007 com um crescimento de 8,65%, em relação a igual período de 2006, segundo dados do Instituto de Desenvolvimento industrial (Indi), da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). RENDAO comportamento da economia influenciou de forma muito positiva esse resultado, conforme avalia Pedro Jorge Ramos Viana, coordenador da Unidade de Economia e Estatística do instituto.
De acordo com ele, outros indicadores industriais medidos pelo Indi também registraram desempenho positivo. É o caso do total de pessoal empregado, que subiu 3,06%, e a remuneração paga aos funcionários da indústria, com crescimento de 3,95%. No mesmo período, as exportações atingiram pico de 23,06%, mesmo com a desvalorização do dólar frente ao real.
Por outro lado, a pesquisa do Indi apontou para apenas um resultado negativo: o número de horas trabalhadas, que em 2007 diminuiu 1,17% no confronto com 2006. Já a utilização da capacidade instalada da indústria encerrou o ano passado com percentual de 76,88%.
´As vendas na indústria vinham crescendo ao longo do ano, como conseqüência do comportamento da própria economia. O bom desempenho industrial é decorrente também do aumento da renda da população´, ressalta Ramos.
Outro fator salientado pelo coordenador do Indi, como indutor do crescimento industrial, foi a elevação das exportações. ´Apesar da desvalorização do dólar tivemos ganho de mercado. Na realidade, é uma reunião de fatores que puxaram as vendas da indústria para cima´, disse Pedro Jorge.
Metodologia
Na sua avaliação, a contradição verificada entre o pífio crescimento da produção industrial do Ceará apontada pelo IBGE em 2007 e o desempenho mais robusto nas vendas industriais contabilizadas no mesmo período no estado refletem apenas diferenças na metodologia. ´A metodologia é diferente e as variáveis levantadas também. Além disso, a pesquisa do IBGE tem abrangência maior. O Indi faz analisa apenas a indústria de transformação e o IBGE analisa ainda a indústria extrativa´, explica.