A Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) decidiu peitar a Petrobras. A entidade, leia-se os principais usineiros de São Paulo, pretende construir um alcoolduto ligando a Hidrovia Tietê à região de Ribeirão Preto e, posteriormente, ao litoral paulista – o terminal portuário ainda não está definido.
O pipeline terá extensão de 600 km e custará cerca de US$ 1 bilhão. O governo de São Paulo deverá participar do empreendimento, com a concessão de recursos e de benefícios em infra-estrutura.
O investimento capitaneado pela Unica é um desabrido “chega pra lá” na Petrobras. O objetivo da associação não é outro senão esvaziar o projeto da estatal de instalar um duto entre Buriti Alegre (GO) e o porto de São Sebastião (SP), com extensão total de 1.150 km.
As indústrias sucroalcooleiras temem entregar para a Petrobras a primazia sobre uma das mais importantes rotas de transporte de etanol do país – São Paulo é responsável por 70% da produção nacional. Temem também perder o controle sobre o principal custo da cadeia de exportação do combustível.
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As intrincadas negociações entre os usineiros paulistas para a construção do alcoolduto foram iniciadas ainda na gestão de Eduardo Carvalho e ganharam forma na administração de Marcos Jank, seu sucessor no comando da Unica.
Noves fora o traçado e o custo, a mais importante diferença entre o projeto dos usineiros e o da Petrobras está no controle do pipeline. A estatal vem sondando produtores de açúcar e de álcool para participar do seu empreendimento, mas tem deixado claro que será a acionista majoritária, com poderes para decidir quem e como usará o alcoolduto.
No projeto da Unica, todos os seus associados poderão utilizar o duto para escoamento de sua produção. A intentona dos usineiros ataca diretamente a viabilidade econômica do projeto da Petrobras. Sem a participação das principais indústrias de São Paulo, dificilmente a estatal conseguirá atingir o volume de 8 milhões de m³ de álcool por ano necessário para rentabilizar o seu duto.
