Ontem (9) foi um dia de visitas internacionais importantes em Piracicaba, SP. Tendo o etanol (álcool combustível) como pano de fundo, missões paquistanesas e francesas passaram pela cidade, trocaram experiências com técnicos e especialistas do setor sucroalcooleiro e deixaram claro que têm muito a tratar ainda sobre a tecnologia desenvolvida no município.
Ainda abalados com o assassinato da ex-premiê, Benazir Bhutto, morta recentemente após ser alvo de tiros e de um homem-bomba, fato que adiou as eleições naquele país para 18 de fevereiro, o embaixador Muhammad Haroon Shaukat, e os cônsules Mohamad Abdouni Neto e Nazir Ahmad Awan (conselheiro comercial), foram recepcionados no restaurante Mirante.
Encantados com o Salto do Rio Piracicaba, os diplomatas se mostraram bastante interessados a respeito da distribuição dos combustíveis ecologicamente corretos, realizada no Brasil, sem contar a produção de equipamentos para açúcar e álcool. A missão visitou a Dedini Indústrias de Base no início da tarde e encerrou a visita no Pólo Nacional de Biocombustíveis, sediado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).
Membro do Departamento de Comércio Internacional da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), o economista Washington Marciano, diretor-comercial da Gazeta, conversou com os paquistaneses e soube que a nação de 156 milhões de habitantes produz açúcar em usinas privadas, em sua grande maioria, e que o produto é comercializado em larga escala à Europa.
A proposta, a partir dos contatos com os piracicabanos, é aproveitar as plantas para a fabricação do álcool. “Houve um interesse grande pelo Simtec, o maior evento ligado ao setor, realizado anualmente em Piracicaba, e também pelo Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla)”, explica Marciano, que destaca o papel da Acipi na intermediação de um setor tão estratégico.
“Fomentar essas relações é muito importante”, relata. Muhammad Haroon Shaukat pretende convidar empresários pasquistaneses para integrar o chamado “tour do etanol”, que teve início em 2007 em Piracicaba. A vinda ocorreria dias antes do Simtec. Na Dedini, os paquistaneses assistiram a um vídeo sobre a empresa e não esconderam a possibilidade de formalizar futuros contatos relacionados ao setor.
Sotaque francês
Recebida pelo professor Weber Amaral, diretor-executivo do Pólo Nacional de Biocombustíveis e gestor do Parque Tecnológico do Etanol, uma comitiva de produtores franceses, que, em cooperativas agrícolas, se utilizam da beterraba como matéria-prima para a fabricação do açúcar, querem estreitar os laços com os piracicabanos. “Assim como nós, eles procuram agregar valores aos produtos, como produzir álcool a partir do açúcar”, salienta Amaral.
O professor, que nesta semana apresentará um ofício ao governo do Estado solicitando os R$ 3,5 milhões acertados anteriormente para a construção de laboratórios e aquisição de equipamentos, foi convidado pelos franceses para visitar o país entre os meses de maio e junho. (Luciana Carnevale)