Mercado

Álcool é rejeitado no mercado dos EUA

Embora decidido a aumentar o consumo de etanol para reduzir a dependência de petróleo e aumentar a segurança energética do país, o governo norte-americano encontra dificuldades para popularizar o biocombustível. Além de enfrentar a falta de infra-estrutura para transportar e distribuir o álcool, a administração George W. Bush e os governos estaduais esforçam-se para mudar a cultura dos consumidores, que hoje rejeitam o etanol, e para resistir à pressão de petroleiras e segmentos da indústria automotiva.

Assim como aconteceu com a Petrobras quando o governo brasileiro decidiu, há cerca de 30 anos, incentivar a produção e o consumo de álcool, a maior parte da indústria do petróleo se sente ameaçada pelo novo modelo de negócios gerado pela massificação dos biocombustíveis. Já algumas montadoras acreditam que a mistura do etanol à gasolina pode danificar os motores da frota americana, o que aumentaria os gastos com reparos em peças dentro da garantia.

Os carros que rodam pelos EUA recebem gasolina com cerca de 5% de etanol. Menos de 1% dos 185 mil postos de combustíveis dos EUA vende etanol. “Há um grande desconhecimento hoje em dia nos EUA sobre as vantagens e desvantagens do uso de biocombustíveis”, comentou Stacey Simms, diretora do Programa de Biocombustíveis do Escritório de Energia do Colorado, estado que disputa com outras unidades da federação a atração de investimentos na área.

Para superar os obstáculos, os EUA incentivam o fortalecimento da indústria doméstica mantendo as barreiras à entrada de etanol importado e subsidiando os produtores locais. Os americanos correm para desenvolver em até cinco anos novas tecnologias para a produção de álcool de segunda geração (celulósico). “Confiamos no poder da pesquisa”, respondeu o subsecretário de Pesquisa, Educação e Economia do Departamento de Agricultura dos EUA, Gale Buchanan. Os americanos querem atingir a meta de reduzir em 10 anos 20% do consumo de petróleo – 15% por meio do uso de biocombustíveis.