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Cliente no óleo, China resiste a biocombustível

A Petrobras deverá fechar 2007 com a exportação de 14 milhões de barris de petróleo para a China, o que lhe garantirá receita de US$ 839 milhões. O montante inclui um carregamento que está a caminho do país e tem chegada prevista para os primeiros dias de dezembro. A exportação de petróleo projetada pela estatal para a China este ano é igual à de 2006, embora no ano passado a receita tenha sido menor (US$ 823 milhões). Em 2005, a empresa embarcou 6,5 milhões de barris de petróleo à China (US$ 323 milhões).

Marcelo Castilho da Silva, gerente geral do escritório de representação da Petrobras em Pequim, informou, por e-mail, que a exportação de petróleo para a China em 2007 não deverá sofrer alteração porque qualquer venda que venha a ser feita em dezembro só será embarcada no fim do mês para aportar já em 2008.

Silva não participou do Challenge Bibendum, em Xangai, mas a Petrobras montou estande no Centro de Exibição de Tecnologia, onde o evento foi realizado. Ali foi possível conhecer de perto carros híbridos (movidos a gasolina e eletricidade) e protótipos de automóveis movidos a pilha combustível (hidrogênio), além de biocombustível (biodiesel).

A venda de petróleo é o caminho mais curto encontrado pela Petrobras para marcar presença no mercado chinês, e a estatal aproveita o fato de ter escritório em Pequim, aberto em maio de 2004, para fazer contato com autoridades governamentais e dirigentes de empresas. Quem já foi executivo de uma grande companhia na China sabe que no país o “guanxi”, mistura de poder de influência e rede de relações e interesses, é vital para os resultados nos negócios.

A busca de oportunidades no ponto forte da Petrobras, que é a exploração de petróleo em águas profundas, ainda não deu resultados. Qualquer eventual parceria futura deverá ser estabelecida com a Cnooc, estatal autorizada a fazer joint ventures na área offshore, mas não em águas profundas.

Nos biocombustíveis, as chances para o Brasil na China são remotas. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, no fim de 2006 a China definiu que não importaria biocombustíveis. O país busca assegurar a produção interna de etanol, área em que tem vários desenvolvimentos tecnológicos sendo feitos, segundo apresentado no Challenge Bibendum. Também há preocupação na China com a concorrência que a produção de alimentos possa enfrentar a partir do crescimento do plantio de culturas agrícolas como o milho para a produção de energia. Há várias províncias na China produzindo etanol para mistura na gasolina. (FG)