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Hidrovia Teles Pires-Tapajós pode viabilizar navegação comercial

Hidrovia Teles Pires-Tapajós: uma rota mais econômica no trecho Manaus-São Paulo e para exportar commodities

A população de Itaituba, na margem esquerda do Baixo Tapajós, espera pela hidrovia, que será decisiva para o desenvolvimento da cidade

Uma hidrovia para o Brasil. Assim é chamado o projeto do Ministério dos Transportes que pretende viabilizar a navegação comercial da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), respeitando a Floresta Amazônica e sua biodiversidade. A relevância do empreendimento, do mais alto interesse econômico e social para Mato Grosso e o Brasil, motivou o DIÁRIO à série ?O caminho das águas?, que se inicia nesta e termina na próxima edição.

Navegar com balsas de Sinop ao Pará, independentemente do ciclo das águas no Teles Pires e Tapajós, deixará de ser utopia desde que se faça balizamento, derrocamento, desobstruções e se construam eclusas em pontos específicos desses rios. Para tanto, primeiro será necessário superar o embargo judicial da Vara Descentralizada da Justiça Federal de Santarém, que desde 1999 impede tais obras.

Ministério dos Transportes, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental (Ahimor), Agência Nacional de Transportes Hidroviários (Antaq), Universidade Federal do Pará (UFPA), Companhia Docas do Pará (CDP) e empresariado têm interesse na navegação e no aproveitamento hidrelétrico dos dois rios. O projeto original do governo, elaborado em 1996, avaliava a obra no curso até Alta Floresta em R$ 148,5 milhões, mas esse montante teria subido para US$ 250 milhões.

O eixo de influência da hidrovia tem uma área equivalente ao tamanho da França e se estende por uma região caracterizada em alguns pontos pelo vazio do Estado. A navegação e a geração de energia nessa área seriam marcos da brasilidade e o afastamento do ?Vácuo Amazônico? que queima as pestanas dos homens da área de segurança nacional.

A produção de commodities agrícolas para exportação no eixo da hidrovia justifica sua implantação, mas ela também será um corredor entre Manaus e São Paulo, modal para escoamento de grãos ao Nordeste e fator de incremento do mercado vocacional no seu entorno.

Cuiabá, Rondonópolis e outros municípios mato-grossenses fora do eixo da hidrovia também seriam beneficiados com sua implantação. O Pará é grande consumidor de açúcar cristal, óleo de soja, colchões, frangos congelados, ração animal, arroz empacotado, fubá, janelas de ferro, carrocerias, defumados, refrigerante, cerveja, biscoitos, uniformes, material gráfico, selaria, calçados e outros produtos fabricados em Mato Grosso. A redução do frete com o transporte aquaviário daria mais competitividade a esses segmentos.

A hidrovia tem fortes defensores. Em agosto, o diretor de Infra-estrutura Aquaviária do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit), Michel Dib Tachy, participou de uma audiência ampliada sobre o assunto, promovida pela Assembléia Legislativa juntamente com prefeituras, vereadores, ambientalistas e empresários, em Alta Floresta, onde defendeu o projeto de navegação. Recentemente, em Brasília, a Antaq, em parceria com o US Army Corps of Engineers e a US Coast Guard — do governo dos Estados Unidos — apresentou a proposta da hidrovia num seminário internacional.