O organizador da 2ª Feira Internacional de Agroenergia, Biocombustíveis e Energias Renováveis (Enerbio), Ronaldo Knac, considerou ontem “infeliz” a idéia de plantar cana-de-açúcar na Amazônia. “Isso é de uma insensatez total de quem não conhece a agricultura”. Segundo ele, o país conta com outras regiões para a produção, como Goiás e Tocantins. Ronaldo Knac também se posicionou contra produzir biodiesel a partir da mamona. Para ele, é mais viável produzir com uso de outras matérias-primas, como a soja. “A mamona temos que exportar para a Nasa [agência espacial americana] usar em seus projetos espaciais”.
“O litro de mamona custa no mercado internacional R$ 5 e qualquer outra fonte de matéria prima para produção de biocombustível, como soja, por exemplo custa R$ 1,30. Então apenas uma pessoa alienada da realidade econômica apostaria na mamona”, argumentou.
O chefe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Agroenergia, Frederico Ozanan Machado Durães, defendeu o plantio da cana-de-açúcar em regiões degradadas na Amazônia como uma das estratégias de “dinamicidade” para economias locais.
O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Vicente Bertone, revelou que o governo está buscando vencer barreiras internacionais para vender etanol e outros biocombustíveis. Ele participou da abertura da Enerbio. A feira vai até amanhã.
“O governo está atentando principalmente para vencer as barreiras internacionais, porque o mercado interno se encontra numa fase muito boa de desenvolvimento, já sustentável e consolidado, pela disponibilidade de carros flex e pela indiscutível liderança brasileira na produção de agronergia”.
O secretário ponderou, entretanto, que é preciso diversificar a utilização de matérias-primas no mercado interno. “O projeto para biodiesel está caminhando muito bem, embora nós reconheçamos algumas dificuldades, uma vez que esse projeto hoje está muito fundamentado na soja”. Bertone diz que para alcançar o mercado internacional é necessário ter sustentabilidade na produção de biocombustíveis.