Pernambuco tem quase como um dos seus sinônimos a palavra açúcar, tão forte o ciclo da cana marcou o imaginário e a história do Estado. Para lembrar nosso DNA açucareiro, foi realizada uma série de seminários na Fundação Gilberto Freyre, entre 2006 e o primeiro semestre deste ano. O resultado dos debates foi reunido no livro Civilização do açúcar, organizado pela antropóloga Fátima Quintas e com selo do Sebrae, que promove o lançamento da obra hoje, às 19h, no seu estande.
O livro foi elaborado com a colaboração de seis estudiosos que, a partir dos conhecimentos na história da sociedade açucareira, contribuíram para desenvolver um conteúdo literário que engloba diversos campos de uma civilização. Cada autor convidado voltou-se a sua especialidade. José Luiz Mota Menezes fala da casa-grande, capela e senzala, abordando a unidade produtora de açúcar no Brasil. O antropólogo e museólogo Raul Lody escreve sobre religiosidade, fé, festa e cotidiano. Toda a culinária da sociedade dos senhores de engenho é contada pela pesquisadora gastronômica Maria Letícia Monteiro Cavalcanti. Tânia Kaufmanrevela a relação entre o açúcar e a migração judaica.
A organizadora Fátima Quintas, em mais de 100 páginas, aborda a cultura, o patrimônio, a cana, os engenhos, a família patriarcal, os personagens, os costumes, a moda e sua força social na sociedade açucareira. Para ela, o açúcar continua a pontuar o meio cultural pernambucano.
“Sobretudo em termos de gastronomia isso acontece. A nossa linguagem também é açucareira, pela herança dessa época. O fato de que nós dobramos os nomes, Eduardo, por exemplo, vira Dudu. Ou mesmo em expressões imperativas, que se tornam um pedido”, afirma Quintas.
A autora lembra que o açúcar percorre até a nossa religiosidade. “Gilberto Freyre dizia que, por causa do açúcar, a nossa religiosidade era lírica e sensual”, destaca Fátima Quintas.