Mercado

Cotação do óleo de soja pressiona o biodiesel

O mercado de combustíveis começa a se preocupar com as altas cotações do óleo de soja, tendência que deverá incidir no preço do biodiesel.

As distribuidoras já sentem pressão sobre os preços na negociação dos contratos de fornecimento para o ano que vem, quando a adição do biocombustível passará a ser obrigatória. Como reflexo disso, a Petrobras já deixou de produzir o H-Bio – um tipo de diesel misturado com óleos vegetais – para evitar prejuízos.

Em julho, o óleo de soja atingiu o recorde histórico na Bolsa de Chicago, quando chegou a 832,26 dólares por tonelada. Em São Paulo, fechou o mês com um preço médio de R$ 1.703,36 por tonelada (36,2% maior do que o preço registrado no mesmo período no ano passado). Segundo os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea), a causa é o aquecimento do mercado interno.

No mercado de biodiesel, os altos preços dos óleos vegetais já provocam problemas para as empresas que se comprometeram em vender o produto nos leilões promovidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com dificuldades para cumprir os contratos, é provável que algumas dessas empresas deixem de cumpri-los, para evitar prejuízos.

Este ano, a Petrobras começou a produzir o diesel com adição de óleos vegetais no processo de refino, formando um produto híbrido – 10% vegetal, 90% derivado de petróleo. A meta da companhia é produzir 425 milhões de litros do H-Bio em 2008 e chegar a 1,6 bilhão de litros em 2012 (investindo R$ 60 bilhões).

Mas, se no final de 2005, em São Paulo, o óleo de soja era vendido nos leilões a R$ 1,10 por litro, hoje eles o vendem a R$ 1,80 ou R$ 1,90 o litro. A Petrobras, única compradora à época, se comprometeu a passar o produto para as distribuidoras pelo mesmo preço do diesel de petróleo, que hoje custa R$ 1,362 o litro.

Executivos do setor temem que a diferença entre os preços dos dois produtos possam criar margens para fraudes como a de vender diesel sem o biocombustível para garantir um ganho de 25% nas margens de lucro. Os empresários negociam medidas de fiscalização com o governo e a ANP.