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Demanda asiática impulsiona o agronegócio no Mercosul

Brasil e a Argentina são apontados como potências agrícolas mundiais e como os únicos países com condições de ampliar sua produção proporcionalmente a demanda no estudo feito pela consultoria norte-americana McKinsey & Company. No entanto, a pesquisa alerta de que a ineficiência na implementação de novas tecnologias pode impedir que o agronegócio dessas nações saia à frente no cenário comercial.

“Algumas companhias, incluindo as multinacionais, não estão se beneficiando inteiramente porque não são tão eficientes como poderiam ser e não usam a tecnologia tanto quanto poderiam”, avalia a McKinsey.

Por outro, lado algumas empresas estão trabalhando para se tornarem líderes na agricultura mundial de olho no crescimento populacional e na busca por segurança alimentar, especialmente entre os países asiáticos, de onde virá a maior parte da demanda global.

De acordo com a pesquisa, esses fatores irão garantir uma expansão constante na demanda por produtos agrícolas nos próximos anos, e os dois países latinos, que no ano passado contabilizaram US$ 73 bilhões em exportações, são os únicos com plenas condições de incrementar a oferta em larga escala. “As prospecções de negócios para produtores, indústria e outros segmentos do agronegócio estão florescendo no Brasil, e em alguma extensão na Argentina, mais que em outra região”, diz o estudo.

O tema também foi discutido durante o 1º seminário Ásia – Latin-America Research Network (Alarn). O evento apresentou os estudos feitos por especialistas do agronegócio de nove países da Ásia e da América Latina sobre as tendências e mudanças do consumo e do comércio agroalimentar e sobre o potencial de integração dessas regiões. Na ocasião, representantes de países asiáticos como China, Malásia e Filipinas afirmaram que pretendem se tornar auto-suficientes na produção de alguns produtos agrícolas, como oleaginosas, suínos e arroz.

A declaração foi enfaticamente rebatida pelo diretor do departamento econômico de agricultura e consumo da Universidade de Illinois, Robert Thompson. “A agricultura desses países não terá condições de acompanhar o aumento de renda da população e não terão condições de ter auto-suficiência”, afirma Thompson. A opinião foi reforçada pela coordenadora do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), Mariel Rodriguez. “Os países asiáticos irão ter problemas com a falta de água e terra, e não terão como expandir”, avalia.

Os produtos que devem despontar como os mais procurados são os grãos, o açúcar e a carne, o que deve colocar o Brasil em uma situação privilegiada, uma vez que o País possui 30% a mais de áreas com potencial para a agricultura que os Estados Unidos, o maior produtor mundial de grãos atualmente. O Brasil tem 4,1 milhões de quilômetros quadrados de área agricutável, contra 2,9 milhões dos Estados Unidos.

O cultivo do milho direcionado à produção de etanol nos Estados Unidos também está substituindo lavouras onde antes eram plantados outros grãos, como a soja, o que deve ampliar ainda mais o mercado brasileiro. “Todos os nossos fazendeiros e políticos estão mais interessados em etanol que na exportação desses grãos”, afirma Thompson.

A demora do governo chinês a resolver problemas de sanidade animal deve garantir mercado para o Brasil.

Thompson ressaltou que apesar de a China ser o maior criador de suínos, o Brasil possui uma vantagem comparativa no setor de animais, já que a China enfrenta sérios problemas fitossanitários, incluindo a orelha-azul, doença que ataca os suínos. “Muitos dos países importadores de carne passam por esse problema e precisam melhorar a qualidade do seu rebanho”, diz.

Segundo o representante da Universidade de Agricultura da China, Tian Weiming, o governo chinês tem oferecido financiamento para entidades privadas desenvolverem pesquisas nessa área, mas ainda é difícil controlar a qualidade no campo. “Há uma forte pressão dos importadores e o produtor chinês deve investir em segurança, mas não se pode esperar que esse problema se resolva rapidamente”, avalia.

O Brasil e a Argentina são apontados como potências agrícolas mundiais e como os únicos países com condições de ampliar sua produção proporcionalmente à demanda, indica estudo feito pela consultoria norte-americana McKinsey & Company. A maior parte desta demanda virá dos países asiáticos em função do crescimento populacional e da busca por segurança alimentar.

“A agricultura desses países não terá condições de acompanhar o aumento de renda da população e eles não terão condições de ter auto-suficiência”, afirma o diretor do departamento econômico de agricultura e consumo da Universidade de Illinois, Robert Thompson. Os produtos que devem estar entre os mais procurados são os grãos, o açúcar e a carne.