Com previsão inicial de captar US$ 2,0 bilhões em sua estréia na Bolsa de Nova York, os papéis da Cosan Limited foram precificados em R$ 21,05 ou US$ 10,50, colocando a oferta em R$ 2,1 bilhões – pouco acima de US$ 1,0 bilhão. A estréia, que envolve a distribuição primária de 100 milhões de BDRs (Brazilian Depositary Receipts), ocorre durante um momento de forte turbulência no mercado mundial, puxada pela crise no setor de crédito imobiliário de alto risco nos EUA.
Pelo sexto dia consecutivo, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em queda de %, acompanhando as desvalorizações das principais bolsas do mundo. Diante desse cenário, outras empresas que planejam realizar captações no mercado optaram por suspender suas operações, como foi o caso da Aliansce Shopping Centers, a Cyrela Commercial Properties (CPP) e a própria Petrobras que adiou seu plano de recompra de ações previsto para este ano.
Além disso, a operação da Cosan Limited ocorre nas férias do Hemisfério Norte, período em que muitos investidores encontram-se fora do mercado, e em um momento em que o preço futuro do açúcar em Nova York ronda os US$ 0,094 por libra, ou cerca de metade do valor atingido no início do ano passado. Os preços do açúcar despencaram devido à ampla oferta global, após grandes safras nos principais produtores Brasil e Índia.
Lotes extras
A quantidade total de ações alvo da oferta ainda poderá ser acrescida em até 15%, ou 15 milhões de ações relativas ao lote suplementar, e em até 20%, ou 20 milhões de ações relativas ao lote adicional. Assim, caso a empresa opte por realizar 100%, a oferta chegará a R$ 2,8 bilhões.
A emissão gerou polêmica ao ser anunciada pois envolve uma restruturação societária que desagradou muitos investidores. A nova estrutura coloca a Cosan S/A a baixo da Cosan Limited, com sede em Bermudas, e que se propõe a ser o veículo para a expansão internacional do grupo. Os papéis da Cosan S/A encerraram o pregão dessa quinta-feira a R$ 23,15, com queda de 4,84%.
A Cosan Limited terá três classes de ações: a classe A, que dá direito a um voto e será negociada nas bolsas; a classe B, que ficará com o controlador, dá direito a 10 votos e não será negociada em bolsa; e a classe B2, que ficará com acionistas da Cosan S/A que optarem pela troca por este papel, com direito a 10 votos e sem negociação em bolsa de valores. O que diferencia as duas classes B são questões referentes a sucessão.