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Trabalhadores da cadeia sucroalcooleira elaboram propostas para entregar ao governo

Um documento com propostas das categorias queintegram a cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro deve serelaborado hoje (10), último dia do Encontro Nacional do SetorSucroalcooleiro, para ser entregue ao governo federal e ao setorpatronal. A informação é do assessorsindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores naIndústria Química (CNTQ), Marcos Valério deCastro.

“O crescimento desse setor tem sido muitodiscutido no país e no mundo. Queremos discutir isso com avisão e a proposta dos trabalhadores. Nós vamos levaresse documento com propostas claras a respeito da remuneração,automação, da elevação da escolaridade,diminuição do trabalho penoso no campo, entre outras”.

Promovido pela Confederação Nacionaldos Trabalhadores na Indústria Química (CNTQ) e peloDepartamento Intersindical de Estatísticas e EstudosSócio-Econà´micos (Dieese), o encontro começouontem (9), com o objetivo de discutir questões ligadas aotrabalhador dentro da cadeia produtiva do álcoolcombustível.

Representantes de entidades sindicais eacadêmicas, empresas, organizações e instituiçõespúblicas e privadas, discutem temas como trabalho, meioambiente, legislação, emprego e mecanizaçãoagrícola da cana, remuneração, qualificação,remanejamento de mão-de-obra, saúde e segurançado trabalho, formas de contratação e migração,certificação, queimadas, a expansão da cana e aquestão alimentar, melhoria das condições detrabalho, entre outras.

De acordo com estudos do Dieese, o faturamento dosetor sucroalcooleiro supera R$ 40 bilhões por ano, com cercade quatro milhões de empregos diretos e indiretos. O estudomostra que atualmente o Brasil é o maior produtor mundial deaçúcar e álcool, além de ser o maiorexportador. Na safra 2005/2006, a moagem foi de 436,8 milhõesde toneladas de cana, que resultou na produção de 26,7milhões de toneladas de açúcar e 17 bilhõesde litros de álcool.

O estudo revela que, de 2000 a 2005, asexportações do setor passaram de 258 milhões delitros de álcool para 2,4 bilhões e as receitas, de US$33 bilhões para quase meio bilhão por ano. De acordocom o Dieese, as projeções são as de que nospróximos 10 anos as exportações de álcoolcheguem a 6,9 bilhões de litros. Até 2015 deve haver umaumento de 50% na área plantada, o que é igual a maisde 9 milhões de hectares, com um faturamento chegando a US$ 25bilhões.

Na avaliação da técnica doDieese, Lílian Arruda Marques, que participou do painelCondições de Trabalho na Cadeia Produtiva da Cana, ascondições atuais de trabalho no setor melhoraram muitonos últimos 20 anos, mas ainda há casos graves dedescumprimento da legislação e péssimascondições de trabalho.

“Esse é um trabalho muito árduo.Para se ter uma idéia os trabalhadores cortam cerca de 10toneladas de cana por dia e ganhavam até abril R$ 2,57 portonelada cortada. Ele corta 10 toneladas por dia para ganhar R$ 26”.

Ela enfatizou que o fato de atualmente parte dostrabalhadores terem carteira assinada e transporte garantido nãoquer dizer que sua situação é boa. Devido aobaixo valor pago por tonelada, os trabalhadores se esforçamdemais para aumentar os salários ou para ganhar os prêmiosoferecidos por algumas empresas para aqueles que batem as metasestabelecidas.

â€œà‰ muito desgastante. Tem que se pensarem termos de saúde, dignidade, porque não importa seele tem escolaridade. Ele está trabalhando e exercendo suacidadania, tentando construir uma sociedade melhor com o trabalhodele. Nesse sentido temos que repensar a relação detrabalho no meio rural”