O presidente Lula bem que tentou, mas não conseguiu entusiasmar seu velho companheiro Daniel Ortega, da Nicarágua, a aderir à produção de etanol. Durante reunião entre os presidentes e seus ministros, Lula enalteceu as qualidades dos biocombustíveis e sua importância para os países pobres. Mas o colega nicaragüense deixou a entender que continuará ao lado de Hugo Chávez, que condena a expansão dos óleos vegetais. O que o sandinista quer mesmo é investimento em hidrelétricas.
O país sofre apagões diários de cerca de oito horas. Lula prometeu ajudar. Ortega, com fala mansa, disse taxativamente que não tem interesse em produzir etanol a partir do milho, embora tenha deixado uma porta entreaberta, mas sem muita convicção, à possibilidade de utilizar a cana- de-açúcar como insumo. Na noite da última quarta- feira, antes de jantar com Lula em um hotel, ele já havia adiantado suas pretensões em conversa informal com jornalistas. “É inadmissível, na Nicarágua, produzir etanol a partir do milho. É um crime. E aí temos discrepâncias não com Lula, mas com Bush”, discursou.
Ortega admitiu que há uma divergência com Lula sobre o etanol. A Nicarágua, um dos países mais pobres da América Latina, é dependente do petróleo da Venezuela. Politicamente, Ortega está muito ligado a Chávez. Ontem, o presidente da Nicarágua disse que seu companheiro venezuelano estimula a produção de “um pouco de etanol” para misturar à gasolina. Mas não quis se comprometer com Lula. (Agência O Globo)