Mercado

Comércio com EUA pode ser maior

Em 2006, o comércio do Brasil com os Estados Unidos (EUA) somou US$ 39,12 bilhões entre exportações e importações. Um recorde. Sozinho, o mercado norte-americano comprou quase 18% (R$ 24,43 bilhões) de todo o volume de produtos brasileiros embarcados para o exterior naquele ano. Os números evidenciam que, apesar de a diversificação de mercados figurar como uma das prioridades da política externa do governo Lula, os EUA continuam sendo o maior parceiro comercial individual do Brasil. Já o País é o 14º na lista de pares mais importantes do mercado americano. Mas na avaliação do embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Antônio Patriota, tem tudo para figurar entre os dez primeiros.

“Hoje, há um interesse renovado dos EUA pelo Brasil e as oportunidades de ampliar o comércio entre os dois países são muitas e devem ser exploradas”, disse ontem Patriota, após participar do seminário Brasil 2020: Crescimento de Longo Prazo e Estratégias de Investimentos, promovido em São Paulo pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) em parceria com o Conselho das Américas.

Uma dessas oportunidades poderá vir de uma maior cooperação na área de combustíveis, avaliou o embaixador, onde a competitividade do etanol brasileiro é mais do que conhecida mundialmente. A primeira reunião que discutirá o Memorando de Entendimento assinado em março último entre os governos Lula e Bush com o objetivo de avançar na questão do biocombustível está prevista para ser realizada ainda neste mês de agosto com a presença do sub-secretário norte-americano James Jeffrey.

Sucesso – As chances de o acordo caminhar são grandes. Os Estados Unidos, revelou o embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel, pretendem aumentar em até 20% a participação do etanol no segmento de combustíveis nos próximos dez anos.

Na pauta da Embaixada brasileira para ampliar a reciprocidade estão iniciativas novas. Em outubro, será lançado o Fórum de Altos Executivos, que trará ao Brasil o secretário de Comércio dos EUA, Carlos Gutierrez, contou Patriota.

O aumento dos negócios com o mercado dos EUA também passa pelo Nordeste brasileiro. A Embaixada do Brasil será uma das organizadoras de um seminário para divulgar as oportunidades de investimentos na região, que será realizado neste ano em Washington. Patriota disse que olhar para o Nordeste é uma maneira de inovar os negócios com os EUA e oxigenar a relação com o mercado americano. “Já existem histórias bem-sucedidas de investimentos na região, como a Ford, em Camaçari, na Bahia.”

Como em toda relação comercial, ao lado das oportunidades há os obstáculos. A embaixada brasileira vem se empenhando na questão da taxação do etanol brasileiro, que, disse ele, “gostaríamos de ver eliminada”. A suspensão da cobrança tem o apoio do ex-governador da Flórida Jef Bush, irmão de George Bush.

Outros desafios estão na área agrícola, que deverão voltar a ser discutidas em uma nova rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil saiu-se bem-sucedido na questão do algodão em relação aos EUA e do açúcar com a União Européia.

Nesta sexta-feira, Antônio Patriota se reunirá com o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, para falar das oportunidades de crescimento do comércio do Brasil com o mercado norte-americano.