Há muito digo aos meus alunos da Faculdade de Medicina (UFC) que, como “nem tudo que reluz é ouro”, nem todo sangramento retal significa hemorróidas. Estas, por mais comuns, destarte sangram mais, embora o câncer colo-retal (ulcerado) também sangre! Igualmente lhes asseveramos: quem sangra pelo reto tem câncer neste até que o proctologista prove o contrário pela colonoscopia. Assim devemos pensar se quisermos diagnosticá-lo em tempo hábil, aumentando a sobrevida dos pacientes tratados.

O Instituto Nacional do Câncer, em estimativa para 2005, situou sua incidência logo após o câncer de estômago. Nos Estados Unidos permanece como a terceira causa de óbito por neoplasia maligna; no Brasil representa 10% a 20% da letalidade por tais moléstias. Na sua maioria os tumores malignos colo-retais surgem mercê dos seguintes fatores ambientais: 1. Falta de verduras e frutas (fibras) na dieta. (Em verdade, o nordestino curte mais as cores do arco-íris e o verde da paisagem, quando chove, do que o colorido dos hortifrutigranjeiros! Só recentemente, graças à divulgação laica de verdades médicas, nossa consciência dietética vem se aprimorando). 2. Ingestão excessiva de gordura; 3. Excesso de açúcar (?); 4. Pólipos intestinais e 5. Colites de longa duração. Nestas circunstâncias – mormente se há pólipos – ocorre o chamado câncer “esporádico” (eventual), aliás, o tipo mais comum. Fatores genéticos, contudo, atuam em 15% – 20% dos casos. Entre estes a Polipose Adenomatosa Familiar, e o Câncer Colo-Retal Hereditário, não Polipóide (HNPCC, ou síndrome de Lynch). Aquela polipose é muito rara, mas o câncer hereditário surge em 10% – 15% nas estatísticas.

Na vigência de indicadores genéticos, heredo-familiar (avós/pais/primos em primeiro grau) o câncer sói manifestar-se mais cedo, no adulto jovem, entre os 30 – 40 anos, geralmente no cólon à direita.

Comprova-se assim a importância da colonoscopia em qualquer hemorragia retal, e (mesmo sem sangramento) tal exame impõe-se em todos os indivíduos estigmatizados por esta herança!