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Para Mantega, meta de 4,5% não puxou juro

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai hoje à Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados disposto a esclarecer a polêmica em torno da meta de inflação para 2009. Não houve mudança no regime de metas, o Banco Central deve perseguir o centro da meta e este é de 4,5% até 2009, repetiu, ontem, o ministro.

Mantega esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após dez dias de férias. Ele indicou aos jornalistas, após essa conversa, que a possibilidade de redução da meta de inflação para baixo dos 4,5% só será considerada para depois de 2009. “Poderemos fazer uma revisão, a partir de 2010, caso os parâmetros econômicos estejam consolidados e a inflação estabilizada”, disse. “A política monetária é a mesma e continuaremos sempre buscando a menor meta possível”.

O ministro levará gráficos e tabelas para demonstrar aos deputados que não houve aumento dos juros futuros decorrente de dúvidas ou incertezas à partir da decisão do Conselho Monetário Nacional, dia 26 de junho, de fixar a meta de 4,5% mas que deixou uma porta aberta para o Banco Central mirar numa inflação menor.

“Tenho gráficos que mostram que houve uma oscilação favorável, ou seja, reduziram as taxas de nossos títulos”, disse Mantega. Segundo ele, mesmo com oscilações desfavoráveis no cenário externo, como a crise do setor de hipotecas americano e o aumento da inflação nos EUA e na Europa, as taxas dos títulos de 2010 têm caído.

Mantega também relatou a reunião de Lula com o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, quando Lula cobrou, sem ter uma resposta, a redução das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos ao etanol brasileiro. Mantega classificou a atitude americana, em entrevista, como protecionista, “uma barreira” à exportação do álcool brasileiro.

Lula também disse a Paulson que o Brasil não tem interesse no fracasso da Rodada Doha. O país, afirmou, está disposto a retomar as conversas para destravar a pauta da Organização Mundial do Comércio (OMC). Perguntado sobre a Rodada, o secretário americano disse que “devemos continuar tentando fazer algo”. (Colaborou Azelma Rodrigues, do Valor Online).