O grupo Equipav, que atua nas áreas de infra-estrutura e sucroalcooleira, vai investir R$ 1 bilhão na construção de duas usinas de álcool no Mato Grosso do Sul. A companhia pode ter a Petrobras e a japonesa Mitsui como parceiras estratégicas de peso nesses novos projetos.
“O Equipav é um dos cinco grupos que estão em análise pela Petrobras para essa parceria na produção de álcool”, afirmou ao Valor o diretor de abastecimento de álcool da estatal, Paulo Roberto da Costa. A estatal tem um projeto de se tornar parceira de 40 usinas produtoras de álcool no país com a multinacional Mitsui. “Já começamos a negociar com cinco grupos, e a Equipav é um deles”, disse. A estatal e a japonesa podem ter uma participação de até 20% nestas novas usinas.
A decisão do Equipav em focar seus negócios em açúcar e álcool foi tomada no início dos anos 2000, muito antes da Petrobras anunciar seu interesse em ser também um produtora de álcool. “Já tínhamos uma usina em operação [a unidade Equipav], que já foi considerada uma das maiores destilarias do país. Decidimos que o negócio de energia deverá ser estratégico para a empresa”, afirmou Newton Soares, diretor de açúcar e álcool da Equipav.
No ano passado, o grupo deu início ao plano de expansão, com a construção de sua segunda usina, a Biopav, que está sendo instalada em Brejo Alegre, no noroeste paulista, e entrará em operação na safra 2008/09, com processamento de 5 milhões de toneladas de cana em sua fase final. Esse projeto está recebendo aporte de R$ 500 milhões.
Os projetos das duas novas usinas, um investimento total de R$ 1 bilhão, serão implantados em Chapadão do Sul (MS) e em Chapadão do Céu (GO), cidades separadas pelo rio Aporé. Essas duas usinas deverão processar 5 milhões de toneladas de cana em sua fase final, mas já nascem com moagem de 2 milhões de toneladas. A unidade de Chapadão do Sul deverá entrar em operação em 2010. “Já demos início ao plantio das mudas de cana”, disse Soares. O projeto de Chapadão do Céu começa a ser implantado até o fim do ano e deverá entrar em operação em 2011.
De acordo com Soares, a parceria com a Petrobras começou a ser discutida no ano passado. Inicialmente, a estatal e a japonesa Mitsui seriam parceiras no projeto da usina de Chapadão do Sul. “As negociações avançaram e podem incluir também a usina de Chapadão do Céu”, disse. Essas duas usinas deverão produzir juntas cerca de 450 milhões de litros de álcool. E se a parceria com a estatal sair, terá como destino principal o Japão.
Os projetos do Mato Grosso do Sul deverão sair independentemente da decisão que será tomada pela Petrobras, segundo o executivo. Com um faturamento da ordem de R$ 800 milhões, a divisão de agronegócios responde por 50% da receita do grupo. “Temos recursos próprios para tocar os projetos, caso as negociações com a Petrobras não se concretizem”.
Fundada em 1960 pelas famílias Toledo, Vettorazzo e Tarallo, que estão na sua segunda geração, mas fazem parte do conselho de administração e ocupam a diretoria da empresa, o grupo Equipav tem forte atuação em infra-estrutura, que inclui os negócios de pavimentação, recapeamento de estradas, concreto, concessão de rodoviárias, saneamento básico e coleta de lixo. Os negócios de concessão de rodoviária e saneamento básico do grupo são em parceria com o grupo Bertin. Na divisão de concreto, o grupo tem uma joint venture desde o ano passado com a construtora Camargo Corrêa. Mas o Equipav não descarta vender sua participação (50% do capital) para a construtora.