Um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado ontem, prevê que a produção brasileira de etanol deve continuar crescendo a taxas cada vez maiores, atingindo cerca 44 bilhões de litros em 2016, 145% a mais do que em 2006. O trabalho também afirma que o debate sobre o uso de commodities agrícolas para produzir biocombustíveis tende a se intensificar.
Como a produção de etanol por tonelada de açúcar deve crescer, a cana-de açúcar usada na produção do etanol vai crescer menos em termos relativos, mas, ainda assim, se expandirá 120% nos próximos dez anos, disse o documento, intitulado Perspectiva Agrícola 2007-2016.
O levantamento projeta ainda que os preços dos produtos agrícolas vão continuar subindo nos próximos dez anos, beneficiando as exportações dos grandes produtores dessas commodities, como o Brasil. Os atuais preços altos no mercado mundial para muitas commodities agrícolas são causados, em boa parte, por fatores de natureza temporária, como carências na oferta provocadas por secas, e estoques baixos.
Mas mudanças estruturais, como o aumento na demanda de matéria-prima para a produção de biocombustível, e a redução de superávits causados por reformas implementadas no passado em políticas no setor agrícola, podem manter os preços acima dos níveis de equilíbrio históricos durante os próximos dez anos.
O trabalho prevê que os preços de todas as commodities agrícolas vão subir nos próximos dez anos. A crescente presença dos mercados da Argentina e do Brasil é impressionante, afirmou. Enquanto o crescimento no Brasil é mais concentrado no açúcar, óleos vegetais e carnes, a performance exportadora da Argentina também cobre cereais e muitos produtos laticínios.
A China, segundo o estudo, deve continuar aumentando sua fatia nos volumes globais de importações de várias commodities agrícolas.
O levantamento observa que os preços mais elevados das commodities agrícolas representam uma preocupação para os países importadores e para as camadas pobres das populações urbanas. Isso, segundo o estudo, deve intensificar o debate sobre a validade do uso dessas commodities para a produção de biocombustíveis.