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Louis Vuitton no Campo

No final de maio, um discreto e esguio senhor circulava por diversas praças do agronegócio nacional. Não fosse o sotaque francês, André Trucy mal seria notado em Ribeirão Preto, Rio Verde ou Campo Grande. Ele seria mais um estrangeiro em busca de oportunidades campo brasileiro, se não representasse nada menos que conglomerados bilionários da França.

O grupo de luxo LVMH, dono da grife Louis Vitton, seguradora Axa e o grupo Poweo de energia estão à cura de uma usina de biodiesel no Brasil. Junto com os franceses, o centenário banco de investimento Rothschild, de origem alemã mas hoje com atuação global , forma a quadra que montou a Agrofuel, empresa de bioenergia na Europa.Fundada em 2006, a Agrofuel já produz biodiesel de canola na Ucrânia.No Brasil, a idéia é fazer o combustível verde a partir de um mix de grãos, como soja, caroço de algodão e girassol, que será exportado para a Europa.. A maioria países europeus tem como meta próximos anos alcançar a mistura L5% de biocombustível no diesel, o chamado B15. “A Europa vai precisar importar biodiesel e o Brasil pode ser um dos grandes fornecedores”, disse Trucy à DINHEIRO RURAL. No longo prazo, a empresa também deverá investir em etanol. “Mas, por enquanto, a Europa está fechada para o álcool. Quando esse mercado abrir, deveremos estudá-lo “, diz o executivo.

A escolha de Trucy para a empreitada brasileira não foi por acaso. Ex-presidente da Rhodia no Brasil, o executivo morou no Brasil entre 1989 e 1996. Parte desse tempo cuidou da divisão de agroquímicos da empresa. Agora, como consultor da Agrofuel, Trucy está à procura do lugar ideal para construir a planta de biodiesel. E mais interessante construir do que comprar algo pronto que terá de ser adaptado”, diz ele, que deverá voltar a morar no Brasil para a implantação da usina. As andanças de Trucy no Brasil dão as pistas de onde a Agrofuel pode vir a ser instalada. Ele esteve em Goiânia e Rio Verde, e Goiás, e Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Em ambos os Estados, conversou com representantes de governo e de entidades ligadas ao agronegócio. Já no Estado de São Paulo, Trucy visitou Ribeirão Preto e Sertãozinho, onde conversou sobretudo com empresas de equipamentos, entre elas a Sermatec. Por enquanto, a Agrofuel não revela os valores que serão investidos no Brasil. E, a julgar pelo poder dos quatro sócios envolvidos na empreitada, dinheiro não será problema.