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Tarifas do etanol devem ser reduzidas, diz presidente da UE

O presidente da União Européia (UE), João Manuel Durão Barroso, indicou que as tarifas sobre biocombustíveis, entre eles o etanol, devem ser reduzidas como parte da parceria estratégica que vem sendo negociada entre o Brasil e a União Européia. A afirmação foi feita em entrevista exibida no Jornal das Dez, da GloboNews.

“A energia e o ambiente fazem parte das áreas prioritárias em que nós gostaríamos de ver a UE e o Brasil trabalharem de forma ainda mais próxima”, afirmou Durão Barroso. Ele salientou que a Europa prepara medidas legislativas para permitir um aumento do consumo de biocombustíveis na região. “A questão das tarifas também está em consideração, mas ainda não há uma decisão concreta nesse sentido.”

Investimento direto

No próximo mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, em Portugal, da primeira reunião de cúpula entre o Brasil e a União Européia, quando deve ser confirmada a parceria estratégica com o bloco econômico que é presidido por Durão Barroso.

Ele disse que esse acordo visa, entre outros itens, ações conjuntas que vão da proteção da biodiversidade à Rodada Doha da OMC, que poderia dar um novo impulso ao investimento e às trocas comerciais entre as duas áreas. O presidente da UE lembrou que hoje o Brasil já recebe mais investimentos diretos que a China, Índia e Rússia juntas.

“Então fica confirmada a idéia de uma parceria estratégica, que depois vamos concretizar, de um lado e do outro, dizendo o que interessa mais ao Brasil, o que interessa mais à União Européia e o que interessa a ambos igualmente para obter resultados concretos, desde a área econômica”, afirmou.

Rodada Doha

Apesar das promessas de apoio mútuo, Durão Barroso preferiu não se comprometer de forma mais clara com a conclusão da Rodada Doha. “A verdade é que todos aqueles que defendem o multilateralismo também têm interesse que a Rodada Doha tenha uma conclusão consistente”, ponderou. “Porque além da parte econômica seria uma grande vitória do multilateralismo se conseguir fixar um regime global para todos para regular as trocas comerciais.”

Conselho de Segurança

Durão Barroso também não quis se comprometer com o apoio à reivindicação do Brasil de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. “Isso é uma outra questão”, desconversou o presidente da União Européia, ao ser questionado se essa parceria estratégica poderia facilitar a obtenção do cargo pretendido pelo Brasil.

Mas ressalvou que, como ministro português, defendeu o direito brasileiro ao cargo. “A verdade é que a proposta que a UE faz de uma parceria estratégica com o Brasil é o reconhecimento de um papel de maior expressão do Brasil hoje no mundo”, desconversou. “Não apenas do ponto de vista econômico, do ponto de vista geográfico, mas do ponto de vista político.”

RCTV

Ainda durante a entrevista, Durão Barroso elogiou a consolidação da democracia no Brasil e aproveitou para mencionar a preocupação com demonstrações de autoritarismo em alguns países da América do Sul. “A nós preocupa-nos sempre que haja casos na América Latina – e, infelizmente, ultimamente têm havido alguns – em que aparece uma idéia de controlar as pessoas, de diminuir o espaço de liberdade das pessoas e até de diminuir o espaço da liberdade de expressão”, sustentou o presidente da UE.

Ao ser questionado, mais diretamente, sobre a questão do fechamento da RCTV, da Venezuela, Barroso foi enfático: “Tudo que seja para diminuir o pluralismo na opinião é negativo e estamos preocupados com isso”.