Mercado

Exportação de etanol é projeto para médio prazo, acredita Única

As exportações brasileiras de etanol no médio prazo serão apenas subsidiárias. Segundo o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, a vendas ao exterior ainda não passam de um sonho. De concreto o Brasil tem apenas como clientes os Estados Unidos, que devem manter barreiras alfandegárias para o álcool brasileiro, o Caribe, que é utilizado pelos exportadores brasileiros como meio de acessar o mercado norte-americano sem o ônus das sobretaxas, e a Suécia, “que é do tamanho da Penha”, comparou.

Os excedentes de produção de álcool este ano deverão manter-se elevados. Mesmo assim, o setor sucroalcooleiro mantém elevados os níveis de investimento na produção de etanol. Há atualmente 269 usinas na região Centro-Sul e a construção de outras 70 novas usinas está em andamento. Para o presidente da Unica, a corrida pela expansão do parque sucroalcooleiro deve-se à projeção de que a maioria dos países desenvolvidos está se preparando para mudar suas matrizes energéticas.

Preço de referência

O forte recuo dos preços do álcool hidratado no Brasil nas últimas semanas começa a viabilizar o fechamento de contratos para exportação, que devem acabar servindo de piso para o mercado local este ano diante da ampla oferta, afirmaram corretores nesta segunda-feira.

Até agora, com os preços internos relativamente altos durante o período de entressafra (dezembro a abril), as usinas estavam afastadas do mercado externo. A valorização do real também contribuiu para inibir os negócios com o exterior.

“O mercado destravou, e foram feitos negócios”, disse Tarcilo Ricardo Rodrigues, diretor da Bioagência, que negocia venda de álcool de várias usinas do centro-sul. Segundo ele, foram realizadas vendas de vários carregamentos de hidratado a US$ 390 por metro cúbico FOB para embarques a partir de junho. A maioria terá como destino o Caribe, onde o hidratado é reprocessado e embarcado para os EUA.

“O câmbio complica um pouco, mas temos que conviver com isso”, disse ele, acrescentando que há bastante interesse externo, especialmente para o Caribe neste momento. Um corretor relata que há duas semanas saiu um negócio por US$ 310 por metro cúbico para embarque em julho. A venda teria sido feita para “enxugar” o mercado local, que vem caindo fortemente com o avanço da safra de cana.