A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) vai tornar-se a maior consumidora de biodiesel do Brasil. Em 2007, a mineradora deverá consumir em suas ferrovias quase 167 milhões de litros de B20, composto de 20% de biodiesel e 80% de diesel comum fornecido pela BR Distribuidora. Em 2008, o volume de B20 usado pela Vale alcançará, no mínimo, 408,8 milhões de litros.
Considerando-se a mistura de 20%, significa que a mineradora vai demandar 80 milhões de litros de biodiesel nas compras do B20 da BR ano que vem. O volume representará cerca de 10% dos mais de 800 milhões de litros de biodiesel que serão necessários, a partir de 2008, quando a mistura de 2% de biodiesel ao diesel comum será obrigatória, segundo a lei 11.907/05.
Ontem, a BR Distribuidora oficializou o início do fornecimento de B20 para a CVRD. “Com este contrato a Vale será a maior consumidora de biodiesel do Brasil e e uma das maiores do mundo”, disse o diretor-executivo de logística da companhia, Eduardo Bartolomeo. Ele informou que a Vale será a primeira empresa do Brasil a utilizar, de forma contínua, a mistura em ferrovias.
O B20 comprado da BR Distribuidora será utilizado na Estrada de Ferro Carajás (EFC) e na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), ambas controladas pela mineradora. O produto vai substituir o B2 (2% de biodiesel e 98% de diesel comum), que vem sendo usado pela Vale desde janeiro deste ano. A previsão é de que a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), também da Vale, comece a receber a mistura, com 20% de biodiesel, a partir de 2008.
Bartolomeo destacou as vantagens ambientais e sociais do uso do biodiesel nas ferrovias. Citou a redução da emissão de gás carbônico e o incentivo à agricultura familiar. Ele admitiu que, no caso da Vale, não haverá ganhos econômicos no uso do biodiesel nas ferrovias. “Não há ganho ou perda financeira. É zero a zero.”
Bartolomeo informou que, em 7 de maio, a CVRD protocolou na Agência Nacional do Petróleo (ANP) pedido de autorização para uso contínuo do B20 em suas ferrovias. Em 2004, a CVRD começou a fazer testes com o uso de biodiesel, trabalho que exigiu investimentos de R$ 2 milhões.
Segundo Bartolomeo, a empresa chegou a testar o biodiesel puro, mas optou por desenvolver a operação das ferrovias com a mistura de 20%. O B20 também está sendo testado na área de mineração, principal atividade da CVRD.
Ontem, após a entrevista coletiva da Vale e da BR para detalhar o contrato de fornecimento do B20, a ANP divulgou nota na qual informou que autorizou a mineradora, maior consumidora individual de diesel do país, a utilizar o B20 em suas locomotivas. A portaria com a autorização será publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias.
Maria das Graças Foster, presidente da BR, disse que o contrato para a Vale projeta receita de R$ 11 bilhões para a distribuidora em cinco anos. O valor compreende a venda de 9 bilhões de litros ao longo do período, incluindo óleo diesel, óleo combustível e gasolina.